Opinião | 12-11-2024 10:19
Por cada 100 euros disponíveis, as famílias portuguesas poupam apenas 8 euros
Actualmente, a capacidade de poupança das famílias no nosso país é 42% inferior ao que se verificava em 1999. A média na UE está 1% acima. Este artigo resulta de uma parceria entre O MIRANTE e o Instituto +Liberdade.
No dia 31 de outubro celebrou-se o Dia Mundial da Poupança. Um dia que infelizmente diz pouco a muitos portugueses, já que os níveis de poupança em Portugal são muito baixos. Por cada 100€ disponíveis, as famílias portuguesas pouparam apenas 8€ em 2023. É 61% abaixo ao que se verifica em média na UE (13€).
Na viragem do século, as famílias portuguesas apresentavam uma capacidade de poupança próxima da média comunitária. Em 1999, as famílias portuguesas poupavam 14€ por cada 100€ disponíveis, enquanto que a média na UE se fixava nos 13€. Essa era exatamente a capacidade média de poupança das famílias europeias em 2023, mais de duas décadas depois. A taxa manteve-se estável no espaço comunitário, excetuando os anos do impacto da crise financeira de 2008-09 e da pandemia. As recessões económicas são normalmente períodos em que a taxa de poupança sobe, uma vez que as famílias têm um maior receio de perda dos seus empregos e diminuição dos seus rendimentos, optando por poupar mais.
Em Portugal, a evolução foi bem diferente. A partir de 2004, a taxa de poupança começou a cair drasticamente e criou-se uma clivagem para a média na UE que nunca mais se recuperou. Neste período, a capacidade de poupança das famílias variou maioritariamente entre os 7€ e os 8€, por cada 100€ de rendimento disponível. Também em Portugal, verificaram-se aumentos temporários devido à crise financeira de 2008-09 e devido à pandemia. Verifica-se também um “pico” na sequência da crise das dívidas soberanas, que levou à intervenção da Troika em Portugal.
Atualmente, a capacidade de poupança das famílias no nosso país é 42% inferior ao que se verificava em 1999. A média na UE está 1% acima. Esta falta de poupança é sinal sobretudo de baixos salários, mas também de reduzidos níveis de literacia financeira, que se refletem na falta de gestão da poupança, na ausência de investimento dessa mesma poupança ou de investimento desadequado, onde tantas famílias perdem poder de compra (retorno abaixo da inflação).
André Pinção Lucas e Juliano Ventura
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