Uma raspadinha com os quadradinhos do boletim de voto, a inscrição do direito ao bife na Constituição e os gases da Segurança Social
Degustador Serafim das Neves
Degustador Serafim das Neves
Não sei se o euromilhões eleitoral criado por um multimilionário norte-americano, que sorteava um cheque de um milhão de dólares por dia entre quem se registasse para votar no candidato cor de laranja, digamos assim, será replicado em Portugal, mas provavelmente era uma boa ideia para animar as autárquicas do próximo ano e fazer diminuir a abstenção. E se não for o sistema americano, que seja por exemplo, uma raspadinha com os quadradinhos do boletim de voto.
Numas eleições autárquicas, no início deste século, um candidato à presidência da câmara de Gondomar, oferecia, em vez de cheques de um milhão de euros, electrodomésticos, aos eleitores. Enfim, a América é a América e Portugal é Portugal.
Na altura aquilo deu brado e indignou muitos puristas da política. Agora que as coisas já estão como estão, talvez ninguém ache estranho raspar o quadradinho do partido em que se quer votar, para ver se tem prémio, em vez de rabiscar uma cruzinha.
O Partido PAN viu derrotada a sua proposta das segundas-feiras vegetarianas no restaurante da Assembleia da República. Ficou provado que a maioria dos deputados, incluindo os nove eleitos pelo círculo eleitoral de Santarém, não passa sem bifes, febras, entrecosto, costeletas de porco, ou mesmo um salmãozinho grelhado, nem que seja apenas por um dia.
Perante esta inqualificável tentativa de condicionar a dieta dos nossos deputados, acho que é chegada a hora de incluir o direito ao bife na lista dos direitos fundamentais consagrados na Constituição da República.
Ainda bem que as organizações que servem refeições aos sem-abrigo e a outros necessitados, não são dominadas pelo PAN. Já viste o que era servirem comida vegan ou vegetariana em vez do famoso macarrão com carne guisada?!
Por falar em escolhas, há dias foi divulgado um estudo, daqueles mesmo, mesmo, bons, que concluiu que mais de cinquenta por cento dos alunos que inicia o secundário, não sabe o que quer ser quando for grande.
Não sei como chegámos aqui e ainda estou de boca aberta. Será que pais vizinhos, avós e velhotas em geral, já não perguntam insistentemente às crianças o que elas querem ser quando forem grandes, como faziam no nosso tempo, para as irem preparando para a vida? Muito antes de entrar na escola, depois de tantas vezes me levarem ao jardim, nos domingos à tarde, para ouvir a banda tocar no coreto, já eu respondia sem hesitar que queria ser Bombeiro Musiqueiro.
Inaugurados em Janeiro de 2005, os serviços da Segurança Social de Santarém, parece que sofrem de gases. Já estiveram fechados há uns anos por causa dos maus cheiros e voltam a estar fechados este ano, com o mesmo problema. Investigações, estudos, medições, relatórios de especialistas e ninguém atina com um diagnóstico credível. O que se passou agora para voltar a cheirar mal? Se não havia maus cheiros porque voltaram? O que mudou por ali, nos últimos tempos, para além da nomeação pelo Governo, da nova directora, Paula Carloto?
Saudações arejadas
Manuel Serra d’Aire