A versão autárquica do querido mudei a casa e os aspirantes a polícia que roubam o estacionamento
Impactante Manuel Serra d’Aire
Impactante Manuel Serra d’Aire
O culto da personalidade perde-se nos confins dos tempos e continua a ser imagem de marca nos dias que correm. Há muita gente por aí com receio de passar por esta vida sem que a Humanidade tenha dado por isso e que arranja os mais elaborados esquemas e estratégias para, como se costuma dizer, dar nas vistas e deixar rasto para a posteridade. Um caso emblemático deu-se em Santarém, no início deste século, quando o socialista Rui Barreiro, então presidente da câmara, quis deixar lavrada na pedra do pedestal da estátua do poeta Guilherme de Azevedo (então transferida de local) a sua inestimável contribuição para tão magnificente feito. E para a posteridade ficou que a imagem tinha sido trasladada e inaugurada por Sua Excelência o Sr. Engenheiro Rui Barreiro. O que ficou para sempre como um exemplo marcante da excelência de algum do nosso poder local.
Agora, soube por este jornal que o presidente da Junta de Aveiras de Baixo decidiu requalificar os balneários públicos construídos pelo povo lá da terra em 1976 (como informa a lápide colocada no local), porque não gostava do que ali via. E, não satisfeito, depois da remodelação feita colocou uma placa por baixo a dizer “Vi, não gostei e diligenciei pela requalificação”, assinada pelo autarca, chamado José Martins - que não teve direito a excelência, a senhor nem a título académico, ficando-se pelo cargo de presidente de junta. Uma sentença curta e grossa do autarca, como quem diz: “que gente de mau gosto! É preciso vir alguém quase 40 anos depois pôr a casa arrumadinha e a brilhar”.
Confesso que fiquei com curiosidade em ver no local esta versão autárquica do “Querido mudei as casas de banho”, poder comparar o antes e o depois, ver se os cortinados combinam com os tampos das sanitas e os tapetes, para avaliar a perícia da equipa autárquica em artes decorativas. Mas registo a iniciativa que, na minha opinião, até seria merecedora de honras televisivas. Resta saber agora de que mais não gosta o autarca lá na freguesia e esperar pelas próximas remodelações, com a devida assinatura.
Em Torres Novas alguns comerciantes e habitantes das imediações da Escola Prática de Polícia andam a queixar-se...da polícia. Ou melhor, dos jovens que ali têm formação para mais tarde poderem usar cassetete, algemas e serem alcunhados de bófias pelos meliantes. Parece que os aspirantes a polícias roubam os lugares todos de estacionamento durante a semana e a potencial clientela que ali quer ir às compras, a serviços e até a velórios não tem onde deixar o carro. O assunto tem algum tempo, já passou por várias entidades e continua por resolver. Não podendo chamar a polícia, porque a polícia já lá está - e, até, neste caso, há quem diga que estará a mais -, a quem podem os queixosos recorrer? A Deus? A Nossa Senhora? A São Miguel Arcanjo, padroeiro da PSP? Aqui fica uma dúvida metafísica que me vai atormentar nos próximos dias...
Um bacalhau personalizado do
Serafim das Neves