Opinião | 11-12-2024 21:00

Santarém passa de dois para três politécnicos, com possibilidade de ter animais matriculados e já falamos mais inglês... do que os ingleses

Emails do outro mundo

Bacântico Serafim das neves

Bacântico Serafim das neves
Depois de anos e anos a falar-se do problema que era haver dois Institutos Politécnicos no Distrito de Santarém, o actual governo meteu mãos à obra e resolveu-o de uma penada, digamos assim.
Desde 14 de Novembro, deixou de haver dois Politécnicos na região. Agora são três, a conta que Deus fez, como se dizia antigamente, numa referência jocosa, não a Politécnicos mas a virgindades.
O Conselho de Ministros aprovou a alteração da natureza do ISLA, de Instituto Superior de Gestão e Administração de Santarém, para Instituto Politécnico, com a denominação ISLA Santarém – Instituto Politécnico.
Três politécnicos, três pastorinhos; três estarolas; três da vida airada; três tristes tigres e, não há duas sem três. Rejubilemos ou Trejubilemos, com tais ocorrências e com os três reis magos que irão chegar, guiados por uma estrela, lá para o início de Janeiro.
Tresantontem, enquanto esperava que a funcionária do supermercado me cortasse o fiambre, ouvi uma senhora contar a outra que há um jovem universitário que se identifica como lobo e que vai para as aulas com uma máscara tipo, cabeça de lobo. Não de burro, entenda-se. E os professores, felicíssimos.
As minhas companheiras de espera na fila da charcutaria estavam solidárias com a vítima de “disforia de espécie” e eu só desejei que não aparecesse por ali alguém a identificar-se com o peito de peru fumado em forno de lenha, o que levaria, inevitavelmente, ao cancelamento do meu pedido.
Foi um pensamento egoísta, eu sei, mas neste caso e nos casos de transgéneros, estou na idade da pedra, ou seja, nos géneros masculino e feminino, que são os que os médicos e familiares da criança identificam logo à nascença, sem problemas. No meu caso disseram à minha mãe que eu era menino, porque tinha uma pilinha, que conservei até hoje.
Sei que há uns anos havia quem dissesse que era Napoleão, por exemplo. Nunca conheci nenhum, mas sei que, em vez de os deixarem matricular-se num politécnico qualquer, ou na Academia Militar, os internavam em manicómios. E ainda há quem diga que antigamente é que era bom.
Bom, bom, é agora, se ainda houvesse Napoleões desses, seriam entrevistados no Canal História ou num daqueles canais com repórteres a correr atrás deles para lhes perguntar porque é que fez alinhar Massena, no último confronto contra Portugal, em 1810,
A propósito do feriado de 1 de Dezembro, que celebra a restauração da independência, em 1640, há muita gente que ignora que os reis espanhóis, Filipe, Filipe e Filipe, nunca nos obrigaram a falar espanhol durante os anos que reinaram, embora muita gente tenha começado a falar ‘portunhol’, para parecer modernaça. E a modernicidade, digamos assim, tem aumentado, agora com o inglês, apesar de nunca termos tido um rei inglês.
A propósito disso, termino com um teste aos teus conhecimentos da língua portuguesa. Sabes o que é ‘stealthing’? Eu não sei, mas há pelo menos dois mil e quinhentos portugueses que assinaram um pedido para que aquilo, seja lá o que for, seja considerado crime.
Saudações hermânicas
Manuel Serra d’Aire

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