O Chega e a corrupção
A vereadora do Chega na Câmara de Santarém, Manuela Estêvão, votou contra a implementação de um Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do Município de Santarém, o que apanhou muita gente de surpresa.
A vereadora do Chega na Câmara de Santarém, Manuela Estêvão, votou contra a implementação de um Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do Município de Santarém, o que apanhou muita gente de surpresa. O partido que enche a boca com o combate à corrupção dá nega quando se trata de tomar medidas nesse sentido, porque, segundo a autarca, esta não é a receita adequada. Manuela Estêvão foi ainda mais longe nas suas justificações, dizendo que “antes de aparecer o Chega não se falava em corrupção neste país”. Não sabemos em que país viveu a nova vereadora do Chega antes do surgimento do Chega, fundado em 2019, mas são muitos os casos de corrupção badalados na comunicação social antes da existência do partido de André Ventura, alguns deles ainda hoje a decorrer em tribunal. E Portugal até já teve uma Alta Autoridade Contra a Corrupção, organismo criado em 1983, quando Ventura ainda era bebé. É verdade que a alta autoridade acabou e a corrupção não; por isso é que há planos como o que o Chega agora desvaloriza....
Chega vota contra plano anti-corrupção na Câmara de Santarém e é acusado de hipocrisia
O Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do Município de Santarém foi aprovado sem o contributo do Chega, o que motivou acusações de hipocrisia política por parte de PSD e PS. A vereadora do Chega alega que se trata de um mero paliativo sem efeitos práticos.
O executivo da Câmara de Santarém aprovou a implementação de um Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do Município de Santarém, com a vereadora do Chega a protagonizar o único voto contra. Uma decisão algo surpreendente e que suscitou críticas por parte das bancadas do PSD e do PS - partidos que têm um acordo de governação -, que acusaram Manuela Estêvão de assumir uma posição hipócrita, contraditória e incoerente face ao discurso do Chega, que tem no combate à corrupção uma das suas principais bandeiras políticas.
Aliás, desde o início do mandato que o anterior vereador do Chega, Pedro Frazão, vinha reclamando medidas nesse sentido na Câmara de Santarém, como recordaram eleitos do PSD e do PS. Manuela Estêvão, que é vereadora apenas desde Outubro, disse que não respondia pelo seu antecessor e considerou que o documento anti-corrupção era um “mero paliativo” que nada iria resolver.
Questionada pelo vereador Nuno Russo (PS) sobre quais seriam as suas propostas, e recordada de que o Chega não apresentou qualquer contributo para a elaboração do plano, ao contrário dos outros partidos, Manuela Estêvão disse que não era vereadora quando o processo decorreu e que tinha toda a legitimidade para assumir essa posição. “Isto é da maior hipocrisia e da maior incoerência face ao que o Chega defende”, retorquiu Nuno Russo, frisando que Manuela Estêvão não colocou em causa nem a forma nem o conteúdo do documento em causa.
O documento foi contratado a uma entidade externa, envolveu dezenas de reuniões com trabalhadores e dirigentes da Câmara de Santarém, e apresenta medidas preventivas que visam combater potenciais actos de corrupção e infrações conexas, como referiu a vereadora Beatriz Martins (PSD), que tutela a área. “É nossa intenção aplicar e fazer cumprir este plano e tudo faremos para que, na Câmara de Santarém, não se pratique qualquer acto associado à corrupção”, afirmou a autarca, que é também vice-presidente, na introdução desse ponto.
“O documento hoje apresentado é um mero paliativo sem qualquer efeito prático quanto ao fim a que se destina”, reforçou Manuela Estêvão, acrescentando não acreditar que a corrupção se combata com esses normativos mas sim com fiscalização mais apertada e penas mais severas.
Beatriz Martins respondeu que o documento não surgiu do ar, informando que se trata de um imperativo legal e que gostava de ter visto o Chega dar contributos durante a fase de elaboração do plano, crítica também partilhada pelo presidente João Leite (PSD). “Quando são chamados a participar desaparecem”, criticou o líder do município.