Os aviões por cima das casas em Alverca e as multas de 52.40 euros que a NAV paga
Este dia, 14 de dezembro de 2024, um avião passa sobre a cidade de alverca do ribatejo. Eram, precisamente, 2 horas e 20 minutos da madrugada. Acordei. Não era um pesadelo. Era a minha realidade. Entretanto o povo da cidade finge que não percebe o perigo e a mobilização é quase ridícula para o número de habitantes.
Estabelecido e contestado que foi o horário inacreditável dos aviões terminarem os voos à meia-noite com reinício às 5 horas da madrugada, verificamos que existem multas para quem não cumpra com esta «inteligente» decisão da NAV. Sim, existem multas que nos fazem abrir a boca de espanto. Acreditem ou não, o valor das coimas estipuladas cifra-se, apenas, em 52.40 euros! Uma «exorbitância» comparada aos milhões arrecadados pelos donos e senhores da NAV
E como sobre este assunto de horários e coimas já tudo foi dito, abordemos uma outra face deste persistente e penoso problema que tanto nos vem afectando.
Bem aventurados os alverquenses (sem letra maiúscula) que se insurgem nas redes sociais e protestam, em textos de escola primária, contra as ervas nos passeios da cidade, o lixo fora dos contentores, os carros mal estacionados, uma bicicleta travada há dois dias encostada ao tronco de uma árvore.
São aqueles que respondem aos meus artigos e usam chinelo no pé, com frases como esta: «Se não está bem, mude-se!», utilizando outras frases de teor ofensivo e agressivo e fazendo comparações de um infantilismo tão pungente quanto deprimente.
Abençoados surdos de nascença que nem o ronco dos aviões a desoras e as suas partículas, a causar danos irreversíveis à nossa saúde, os faz acordar do seu sono de pedra (se calhar, até faz!) ou assinar uma petição que anda por aí há meses (nem que fosse com cruz), e que conta, até agora, com o risível e ridículo número de aderentes, num somatório total, até hoje, de 2.203 assinaturas!
Gente que não se incomoda com o essencial, mas que se preocupa com trivialidades. Gente que não se importa de viver num inferno, enquanto eu (e outros, embora poucos) prefira importar-me com o que é importante, e tentar viver no céu.
Não tolero que me imponham este afrontoso desconforto, este desassossego, esta intranquilidade, este receio pela minha saúde e a saúde dos meus. Pessoas com zero de intervenção, que, ao cruzarem os braços, e ao criticarem quem os traz descruzados, se colocam, nitidamente, ao lado do opressor, a dar pelo nome de NAV.
Comparando o número de assinaturas da petição com os Grupos Públicos que utilizam as redes sociais e o nome de Alverca, deixo-vos este apanhado para podermos avaliar do desinteresse das pessoas em assuntos como este, dos aviões, que sobrevoam a nossa cidade dia e noite, a horas impróprias, com intervalos de apenas alguns minutos, num país onde aconteceu um 25 de Abril, e onde o respeito pelos direitos e a liberdade de cada um são espezinhados diariamente por um governo que nos desgoverna.
A lista e o respectivo número de aderentes: Alverca (1.300 membros); Alverca e amigos (31 mil membros); Alverca – praça virtual (10 mil membros); Alverca (1.300 membros); Em Alverca vive-se bem (???? 5,400 membros); Alverca é fixe ( 21 mil membros); Alverca ( 14 mil membros); Por uma Alverca melhor e democrática (934 membros).
Este último número de aderentes, relativamente aos anteriores, indica, sem gastar muitas palavras, as pessoas que temos e o seu grau de interesse comunitário, nesta nossa cidade de Alverca do Ribatejo.
Soledade Martinho Costa
(Escritora e jornalista, residente em Alverca do Ribatejo)