Opinião | 18-12-2024 21:00

A magia dos natais que cantam e a abertura da caça aos ricos em Alpiarça

Emails do outro mundo

Oportuno Manuel Serra d’Aire

Oportuno Manuel Serra d’Aire
No tempo em que os animais falavam (agora só teclam ou digitam) havia uma coisa chamada PIDDAC – Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central que basicamente servia para acomodar propostas dos vários partidos políticos no Orçamento de Estado para o ano seguinte. Isso acontecia durante as negociações de especialidade e nessa extensa lista de projectos incluídos à última da hora em orçamento figuravam clássicos, como o IC3, o IP6, o IC9, a modernização da Linha do Norte, a variante à EN entre Santarém e o Cartaxo, novas pontes sobre o Tejo e outras obras públicas, só no que à nossa região dizia respeito.
Entretanto o PIDDAC desapareceu do mapa mas a sua memória continua a ser devidamente honrada anualmente, porque alguns partidos são teimosos e porque algumas obras continuam a não sair do papel, por muitas promessas e inscrições em Orçamento de Estado que já tenham no currículo. E este ano não foi excepção. O PCP lá conseguiu que fosse aprovada, nas votações na especialidade do Orçamento do Estado, a proposta para que em 2025, sejam efectuados os procedimentos necessários para iniciar a construção do troço do IC3 entre Almeirim e Vila Nova da Barquinha. Ou seja, o bocado da agora A13 que está por fazer há anos, porque essa via foi construída às mijinhas, tal como o IC9, por exemplo.
Está visto que os comunistas continuam a acreditar nos amanhãs que cantam e também no Pai Natal. Mas eu, que não sou centenário como o PCP mas já cá ando há alguns anos, não corro a foguetes. Sou mais da facção São Tomé, o tal que gostava de ver para crer. Tanto nesse caso como nos casos de novos aeroportos, novas pontes, supressão de passagens de nível, construção de esquadras da PSP ou de postos da GNR. Sou um céptico eclético que gostava muito de acreditar em milagres como o que se celebra daqui a dias.
Em Alpiarça, outrora bastião comunista, a maioria socialista na câmara quer abrir a caça aos ricos, ou melhor, aos sinais exteriores de riqueza manifestados pelas famílias de alunos que têm apoio social escolar. Quem andar em carros de alta cilindrada ou tenha telemóveis topos de gama, por exemplo, pode entrar na lista e acabam-se as refeições à borla nas cantinas para os petizes. Não sei que fenómeno aconteceu na pacata vila para surgir esta luminosa ideia. Provavelmente começaram a aparecer resmas de meninos nas escolas transportados pelos papás em Bentleys, Rolls Royces, Jaguares e outros carros de luxo, levando nos bolsos as últimas novidades de telemóveis, que tinham o desplante de ir comer à borla na cantina escolar, entre outras benesses.
Alpiarça, pelos vistos, está transformada numa Beverly Hills ou num Monte Carlo do Ribatejo e nós não demos por nada. Pensava eu que aquela população vivia maioritariamente da agricultura e que se desunhava para pagar as contas todos os meses (como quase todos nós) e de repente somos confrontados com uma realidade que obriga a autarquia socialista, num acto da mais elementar justiça social, a querer acabar com os abusos dos magnatas e respectivos herdeiros. Tomem lá que é para aprender!
Saudações natalícias do
Serafim das Neves

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