A lana-caprina, o alpinismo sindical na escadaria da Assembleia da República e os bombeiros a correr à Charlot, na frente da polícia
Inesfalfável Serafim das Neves
Inesfalfável Serafim das Neves
Ao fim de tantos anos a celebrar passagens de ano, com mais ou menos espumante, fogo de artifício ou planos para um melhor uso do tempo e da paciência, concluo que estou mais sábio e mais tranquilo.
As discussões nacionais, mesmo as mais acesas, são sobre problemas de lana-caprina. As nossas maiores catástrofes são as greves das sextas-feiras, de servidores públicos e as tentativas de escalada da escadaria da Assembleia da República, por alpinistas sindicais.
Dizias no teu último e-mail que te deleitaste a ver bombeiros sapadores a romper um cordão policial e em debandada à frente da polícia. Também vi e não posso negar que me ri, mas não tanto como tu. Excesso de expectativas, acho eu.
Desde a rega à mangueira, de polícias fardados, na manifestação dos chamados secos e molhados em 1989, acho sempre que falta sal e pimenta às actuais apresentações. Onde tu vislumbras uns pozinhos de comédia à Monty Phyton, eu só enxergo cópias menores de filmes mudos, com o Charlot a correr com os pés para a doca, perseguido por polícias.
E falta ali o som do piano que acompanhava a exibição daquelas fitas, embora reconheça que os capacetes substituem razoavelmente os chapéus de coco.
Um dos grandes pantomineiros autárquicos da região, o ex-presidente da câmara de Torres Novas, António Rodrigues, que quis voltar ao poleiro nas últimas autárquicas, mas não passou do lugar de figurante, saiu agora de cena embora com anúncio de uma nova tentativa para voltar a ser galã municipal, digamos assim.
Se voltar a candidatar-se nas eleições do próximo ano, será mais um anedótico “agarrem-me que eu vou ganhar”, antes da triunfal e definitiva ida para o caixote do lixo da minúscula história.
Outro artista que está de saída do poleiro, é o Paulo Queimado da Chamusca. Não anunciou qualquer regresso ou tentativa de regresso à cadeira de presidente da câmara, mas poderá voltar a cheirar o poder através da vice-presidenta, Cláudia Moreira, que parece já ter iniciado uma campanha para vir a ser verdadeira presidenta do município, após uma dúzia de anos a ser presidenta... mas sem o título.
Como qualquer bom português, já andei a estudar o calendário de 2025. Há cinco fins-de-semana de três dias e há quatro feriados que calham à quinta-feira, o que é bom para quem puder fazer pontes, seja ou não engenheiro. Claro que este assunto só interessa a quem não pode fazer greves todas as sextas-feiras, como acontece com alguns sortudos.
Mas o início do ano, não é um mar de rosas. O primeiro feriado, o do Ano Novo, que foi na quarta-feira, dia 1, já lá vai e o segundo do ano, terça-feira de Carnaval, 4 de Março, que possibilita um fim de semana com um dia de férias na segunda-feira, dia 3, não é para todos. Um primeiro trimestre fraco.
O que vale é Abril, com a sexta-feira santa e a sexta-feira do 25 de Abril. E por aqui me fico para te deixar algum prazer de pesquisa, acrescentando apenas que o 1º de Maio calha numa quinta-feira. E quanto aos feriados municipais, coda um verifique o seu.
Um abraço renovado e jubiloso
Manuel Serra d’Aire