Opinião | 29-01-2025 21:00

O leilão de promessas eleitorais, os futuros desempregados da política e a propaganda pornográfica

Emails do outro mundo

Observador Manuel Serra d’Aire

Observador Manuel Serra d’Aire
As eleições autárquicas são só lá para o início do Outono mas vão começando a desfazer-se os tabus e a desvanescerem-se as dúvidas sobre putativos candidatos às câmaras desta região. O baile está armado e é garantido que vamos ter animação com fartura até ser hora de colocar os votos nas urnas. Em Santarém, a situação está ao rubro, com um despique aceso nas redes sociais entre o presidente da câmara, João Leite (PSD), e o candidato ao cargo pelo PS, Pedro Ribeiro, que é também presidente da Câmara de Almeirim, mas já não se pode recandidatar na terra da sopa da pedra. Aquilo é do género “se um diz mata, o outro diz esfola” e só falta mesmo prometerem a lua. E isso, talvez, porque não há tecnologia nem meios à mão, ou porque não têm um amigo como o Elon Musk na agenda de contactos. É pena, pois talvez pudessem proporcionar à malta umas excursões ao espaço, tal como há uns anos o presidente, escritor e comentador Moita Flores fez com alguns munícipes que levou a Cuba para tratar das cataratas.
E se não forem por aí, pelo menos que ofereçam electrodomésticos e outros brindes utilitários, como fazia outro político de referência lá para as bandas de Gondomar. Ou porcos no espeto e concertos do Quim Barreiros, porque o povo já está farto de cantigas de candidatos com promessas gastas pelo tempo. É o caso do ascensor entre a Ribeira de Santarém e a cidade, de que há projectos com mais de um século. Mas também da casa mortuária, uma obra aparentemente mais fácil de concretizar mas que até à data não está resolvida. É verdade que, nos dias de hoje, os mortos já não votam, pelo que uma parte dos potenciais beneficiários não tem grande utilidade eleitoral, mas sempre há os familiares e amigos do defunto. Lembrem-se disso…
Igualmente interessante está a ser a contenda eleitoral na Chamusca. Desde logo porque o actual presidente não se pode recandidatar e a sua vice, que poderia perpetuar a linhagem no poder, levou uma tareia na votação interna no PS local para escolha do próximo candidato e também vai passar à História, como actriz secundária. No Entroncamento, o poder instalado levou igualmente sopa do próprio partido, o mesmo PS, e esta pandemia, que pode ainda alastrar a outras paragens, leva-me a recear pela subida da taxa de desemprego político. É que não vai ser fácil arranjar lugar para encaixar tanto autarca que vai deixar funções, sobretudo quando não são do partido que está no Governo do país. E todos sabemos que raramente um ex-autarca, habituado às sinecuras do poder durante anos, aceita de bom grado voltar à sua antiga vida profissional.
Um cartaz publicitário colocado junto à principal rotunda de acesso à cidade de Vila Franca de Xira, que faz propaganda a um canal de conteúdos pornográficos, está a gerar queixas na comunidade, provavelmente na mesma proporção em que está a despertar curiosidade dos automobilistas. Que as pessoas se indignem com as mensagens dos partidos políticos apregoadas nos cartazes que povoam as nossas rotundas ainda vá que não vá, agora querer aplicar a repressiva censura a quem se limita a anunciar os seus serviços e a dar o corpo ao manifesto já me parece um abuso. Que os candidatos se dispam de preconceitos e sigam o exemplo da moçoila.
Saudações do
Serafim das Neves

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