Uma parceria público privada para o sector das retretes e a oportunidade perdida de fazer de cada português um presidente de junta
Vivaz Serafim das Neves
Vivaz Serafim das Neves
Os grandes supermercados e os centros comerciais, principalmente os que estão no interior das cidades e vilas, prestam serviços inestimáveis aos cidadãos e eu que o diga. Graças às suas casas de banho, impedem que tenhamos que andar a mijar atrás das árvores, ou atrás dos muros quando faltam árvores.
E têm papel higiénico, água, sabão e máquinas para secar as mãos, para além de terem um horário alargado, parque de estacionamento para os mais aflitos que chegam de carro, e funcionarem à hora de almoço e jantar
Falo nisto porque este ano, lá para o Outono, vai haver eleições autárquicas e não deverá haver, como nunca houve, candidatos que prometam casas de banho públicas e limpas para o povo, a funcionarem para além do horário normal de expediente e nos fins-de-semana, feriados e dias de greve que, como se sabe, são as sextas, segundas e vésperas de feriados.
Eu sugiro isenções fiscais e outros incentivos, principalmente monetários, para todas as lojas, desde cafés a prontos a vestir, que aceitem facultar as suas instalações sanitárias a não clientes, comprometendo-se a mantê-las limpas.
É uma parceria com os privados que deve ser considerada, nomeadamente pelos partidos políticos que são favoráveis a parcerias público/privadas. Se as fazem na saúde e noutros sectores, porque não no segmento das retretes?
E não vale a pena começar já a dramatizar. De certeza que não haverá listas de espera tão grandes como para as consultas ou cirurgias. E uma coisa é haver um hospital privado e outra, uma centena ou duas, de lojas aderentes.
Claro que haverá sempre uma ou várias janelas horárias, digamos assim, em que nada mais resta ao cidadão, ou cidadona, do que urinar atrás de um muro ou de um contentor do lixo, mas já é melhor do que aquilo que se passa actualmente, E só quem não tem problemas de próstata ou bexiga pequena, nem crianças a quem a vontade chega nos momentos mais inesperados, é que poderá criticar as minhas propostas.
E já que estou de maré, avanço com outra ideia para os candidatos, antes que eles comecem a auscultar, com os seus estetoscópios políticos, digamos assim, as populações, para recolher ideias e propostas para os seus programas peitorais...perdão, eleitorais.
Agora que já acabaram com os pirilampos, aqui nas aldeias da serra, graças à instalação de, cada vez mais e mais forte, iluminação pública, para acabar com o medo do escuro, porque não alcatroar os trilhos todos, para evitar que os caminhantes torçam tornozelos ou andem aos pontapés às pedras? Isso é que era progresso, caramba!!
Não posso terminar sem me referir à criação de 167 novos presidentes de Junta de Freguesia, para além dos existentes, número que resulta da extinção de 135 uniões de freguesias e da criação de 302 novas freguesias.
Parece muito, mas o país merecia mais. Perdeu-se uma oportunidade de fazer de cada português maior de 18 anos, um presidente. Perdeu-se uma oportunidade de termos nove milhões, duzentos e setenta e um mil, quatrocentos e setenta e nove cidadãos, a dizer a uma só voz: “Eu é que sou o presidente da Junta”. Seríamos campeões mundiais, Serafim. Nem na China ou na Índia!!
Saudações autárquicas
Manuel Serra d’Aire