A arte de bem prorrogar e o contributo de uma boa retrete para a nossa felicidade
Abalizado Manuel Serra d’Aire
Abalizado Manuel Serra d’Aire
Há hábitos ancestrais que custam a mudar e um deles, em Portugal, é o do cumprimento de prazos. E nem quando estão envolvidas autoridades respeitáveis como a PSP ou a GNR o caso muda de figura. A construção da nova esquadra da PSP do Entroncamento devia estar concluída neste mês de Fevereiro, mas a obra ainda vai a metade, pelo que lá se teve de fazer a prorrogação de prazo da praxe. Tal como, aliás, em relação à construção do novo posto da GNR de Alpiarça, outra obra ambicionada há décadas, que devia estar pronta no final de Janeiro e conheceu nova prorrogação de prazo, porque ainda há lá muito por fazer. Se há coisa em que somos bons, meu caro, é a prorrogar. Não há pai para nós quando se trata de postergar. A propósito, já começaram as obras do novo aeroporto, ou o mesmo também já foi prorrogado novamente?
A tua dissertação sobre a problemática dos sanitários públicos é absolutamente pertinente. Só quem não esteve à rasquinha sem ter sítio onde se aliviar é que pode desdenhar da importância que uma casa de banho pode ter em determinados momentos das nossas vidas. Uma retrete na hora H tem tanto ou mais valor do que uma boa travessa de cozido à portuguesa quando se está esfomeado. Aliás, hoje os sanitários de alguns locais, como centros comerciais, já não servem só para as descargas intestinais. São autênticas estações de serviço. Não há muito tempo fiquei surpreendido quando me deparei com dois ou três jovens proletários a lavar cabeça, axilas e braços na casa de banho de um centro comercial e depois a aproveitar o secador automático para se enxugarem. Foi uma limpeza.
Esse é um serviço público impagável que qualquer autarca devia ter brio em prestar, daí ter ficado surpreendido já há uns aninhos quando li a notícia de que a Junta de Freguesia de Minde tinha encerrado os sanitários públicos devido à má utilização do espaço. Há sempre gente que faz questão de demonstrar que não descende do macaco mas sim do porco e, como tal, a autarquia matou o mal pela raiz. Fiquei chocado, mas foi limpinho!
Ainda na área do saneamento básico, ventilação e afins, a Segurança Social de Santarém voltou a enfrentar adversidades nas suas instalações. Primeiro, foi o edifício de atendimento ao público fechado por causa dos maus cheiros de origem incerta (imagino funcionários e utentes a olharem uns para os outros a todo o momento, à procura de sinais que levassem ao responsável pela suposta flatulência); agora, foi o edifício sede que se confrontou com problemas nos esgotos e teve de transferir duas dezenas de trabalhadores para o outro edifício que tem na cidade - sim, o tal onde cheirava mal e que tinha fechado provisoriamente –, para aliviar o sistema de saneamento do imóvel enquanto se realizam as necessárias obras. Enfim, como se trata da Segurança Social, pode-se dizer com toda a propriedade que há que dar o devido desconto…
Um adeus e volto já do Serafim das Neves