José António Saraiva (JAS) – o adeus a um gigante da imprensa escrita

No adeus a JAS parece-me justo louvar e agradecer todos os que fazem os jornais deste País. São eles que buscam incessantemente a informação; são eles que num enorme esforço de hermenêutica a descodificam e a tornam acessível ao nosso entendimento.
Apesar da vertiginosa mudança que se verifica em toda a indústria da comunicação social, o jornal em papel é ainda (e espero que o continue a ser!) um grande companheiro, um insubstituível amigo, portador da notícia, da reflexão, e até do passatempo. Não há jornais sem jornalistas e JAS foi o modelo da arte de bem escrever. A clareza, a lógica cartesiana do texto, o parágrafo curto e simples, a conclusão inesperada – tudo isto é admirável. Habituei-me, há décadas, a ser seu fervoroso leitor e admirador. A sua vasta cultura, servida por uma inteligência brilhante e uma grande integridade moral, juntamente com corajosa postura ao serviço da Liberdade e da Verdade, fizeram dele uma figura ímpar do jornalismo escrito. É este jornalismo que é uma das bases fundamentais em que assenta uma Sociedade aberta, esclarecida e a trilhar as rotas do futuro.
No adeus a JAS parece-me justo louvar e agradecer todos os que fazem os jornais deste País. São eles que buscam incessantemente a informação; são eles que num enorme esforço de hermenêutica a descodificam e a tornam acessível ao nosso entendimento; são eles que em artigos de reflexão nos levam a admirá-los e a criticá-los, muitas vezes sendo injustos quanto aos seus propósitos. JAS exemplifica, magnificamente, todas essas vertentes. Com ele aprendi imenso sobre os Homens e o Mundo, tal como aprendi com Vítor Santos, saudoso chefe de redacção do jornal ‘A Bola’. O jornalista situa-nos no presente, mas JAS levava-nos também ao passado, em obras notáveis de História Política. Com esse conhecimento histórico era-lhe possível mergulhar mais profundamente nas vicissitudes do presente.
Um enorme adeus a este gigante da imprensa escrita, com admiração que é já saudade. Uma grande confiança de que o seu exemplo será seguido pelos magníficos jornalistas da imprensa escrita, que com ética e verticalidade, nos alimentam o espírito. Precisamos tanto deles como de ‘pão para a boca’!
Manuel Oliveira