Opinião | 10-03-2025 21:00

Ou é muita dor ou falta de senso

O grupo parlamentar do Partido Socialista ao requerer a audição do presidente do IEFP, Domingos Lopes, na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão quis levar para a Assembleia da República as dores do candidato à Câmara de Salvaterra de Magos, Francisco Madelino.

O grupo parlamentar do Partido Socialista ao requerer a audição do presidente do IEFP, Domingos Lopes, na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão quis levar para a Assembleia da República as dores do candidato à Câmara de Salvaterra de Magos, Francisco Madelino, por causa do rasto de mau ambiente que deixou no instituto quando o esteve a dirigir há uma década. O grupo parlamentar fez a figura do pai que para defender o filho convence-se que o mundo é que está contra ele, tentando transformar uma comissão em cenário de acertos de contas e usando o parlamento para tratar de coisas que nada tem a ver com ele.
Instrumentalizar uma comissão só para limpar a imagem de alguém e escamotear a história, alegando que a entrevista concedida pelo actual presidente do IEFP, que está no cargo por concurso ao fim de mais de trinta anos como técnico superior no instituto, tem uma índole política e que interfere numa disputa eleitoral. Ora não só o argumento como a ideia de chamar Domingos Lopes à comissão revela pelo menos uma falta de senso. É que se a ideia era “apertar” com o dirigente, o PS arriscava-se a ouvir o que não queria, porque certamente ainda deve haver muito mais para contar sobre o legado de Madelino.
António Palmeiro

PS quis branquear mau ambiente criado no IEFP por Francisco Madelino e saiu derrotado

Os deputados do PS na Assembleia da República ficaram muito sensíveis com uma entrevista de O MIRANTE ao presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional, Domingos Lopes, que apontou o dedo ao antigo dirigente socialista, Francisco Madelino, pela degradação do ambiente e da imagem do instituto. Para tentarem limpar a imagem do militante requereram a audição no parlamento do actual dirigente que está no cargo não por nomeação, mas por concurso, porque a situação incomoda Madelino como candidato à Câmara de Salvaterra de Magos. Mas a Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão mostrou que não é local para questiúnculas autárquicas.

O PS ficou isolado na tentativa de fazer um número político com o requerimento para ouvir com urgência no parlamento o presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que numa entrevista a O MIRANTE revelou o mau ambiente criado no instituto pelo antigo presidente, Francisco Madelino, candidato à Câmara de Salvaterra de Magos. O partido não gostou que se ficasse a saber que o seu militante não defendeu os trabalhadores nem o instituto ao acabar com as carreiras próprias do IEFP e requereu a presença na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, de Domingos Lopes, quadro superior do instituto, que está no cargo dirigente através de concurso público. Só que tanto à direita como à esquerda nenhum partido autorizou.
O pedido foi feito no dia 26, quando Domingos Lopes esteve na comissão da Assembleia da República a explicar a fusão do Centro de Competências para o Envelhecimento Ativo com o Centro de Economia e Inovação Social. O pedido foi votado na mesma, com o PSD e o Chega a votarem contra e o Bloco de Esquerda e PCP a absterem-se, com a justificação que a comissão não serve para discutir questões de política autárquica. Curiosamente, a informação sobre a intenção do grupo parlamentar do PS foi divulgada pela agência Lusa já depois de ter sido recusada a audição.
O grupo parlamentar do PS considerou “inaceitáveis” as declarações de Domingos Lopes na entrevista e dizia que as respostas do presidente do IEFP sobre Francisco Madelino, que dirigiu o instituto há mais de uma década, têm “uma índole política, cariz partidário e até interferência activa numa disputa autárquica local em curso que são inaceitáveis num dirigente de topo da administração pública”. Na entrevista, Domingos Lopes revelou que a gestão do agora candidato à Câmara de Salvaterra de Magos ainda se faz sentir pela negativa no instituto, sentindo-se ainda uma grande desmotivação dos trabalhadores. E explicou que o socialista costumava ameaçar os funcionários dos serviços centrais de que se não se portassem bem iam trabalhar para um centro de emprego.
Os socialistas consideram que a “entrevista inclui considerações falsas e enviesadas que incluem alegadas tentativas políticas passadas para ‘matar o IEFP’”. O grupo parlamentar do PS considerou que a entrevista tem “interferência directa no jogo eleitoral em curso”, considerando que “esta prática merece repúdio e suscita séria preocupação sobre a conduta em causa”. O que não foi entendido por nenhum dos partidos representados na comissão parlamentar.
Recorde-se que Domingos Lopes disse que Francisco Madelino “não defendeu o IEFP, nem valorizou o serviço público de emprego ao acabar com as carreiras específicas”. O actual presidente do instituto, no cargo desde 2022, salientou que Madelino criou uma imagem dos centros de emprego como se fossem o degredo, ao dizer que mandava os trabalhadores para esses serviços como castigo. Domingos Lopes, funcionário do IEFP há três décadas, sublinhou ainda que “neste momento tem dificuldade em arranjar pessoas para trabalharem nessas funções, mesmo como dirigentes”, por causa da desmotivação que vem da altura da gestão de Francisco Madelino. O presidente do IEFP referiu ainda na entrevista a O MIRANTE que a gestão do socialista “vulnerabilizou de tal forma o instituto” que quando chegou à presidência em 2022, “estava em cima da mesa a sua extinção”.

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