Num Carnaval em que choveu dias a fio, até o instrumento do Santo Entrudo mirrou com o frio
Rapioqueiro Manuel Serra d’Aire
Rapioqueiro Manuel Serra d’Aire
Tivemos aí mais um Carnaval de fazer arrepiar o esqueleto, com chuva e frio numa animada parceria que deve ter sido uma mais-valia para a economia local, nomeadamente para o comércio e indústria de mezinhas e medicamentos para as gripes e constipações. Em homenagem às corajosas e corajosos que deram o corpo ao manifesto a animar festejos que nem feriado merecem, deixo aqui uns singelos versos em jeito de homenagem a um Entrudo mirradinho pelo frio. Valha-nos que neste país trapalhão, bonito e tão bacano, nunca falta a animação, porque é Carnaval todo o ano.
O Carnaval chegou mais cedo
Lá para as bandas de Abrantes
Houve escarcéu grosso na câmara
Está tudo como dantes
Entre ameaças e insultos
Berraria, palavrões e urros
Sá faltou mesmo na sessão
A presença do homem dos burros
A política em Abrantes é um meio perigoso
Diria mesmo violento até
Quem se candidata a presidente
Devia saber boxe e karaté
Em Vila Franca de Xira
A coisa ainda piou mais fino
Em vez de injúrias e arruaça
Levaram uma cabeça de suíno
Nestes tempos de carestia
Não há que ficar com o orgulho ferido
Podiam ter aproveitado a oferta
e mandado fazer um cozido
A Segurança Social em Santarém
Tem vivido num tormento
Os problemas nas instalações
Parecem um fenómeno do Entroncamento
Temos no Ribatejo um autarca
Como nunca se viu nada assim
Faz campanha em Santarém
E gere a Câmara de Almeirim
Está em todo o lado e vai a todas
É sempre assim dias inteiros
A vida dele é um corrupio
E ainda consegue presidir aos bombeiros
O novo presidente da Câmara de Santarém
Tem-se distinguido a demolir
Resta saber se tem a mesma arte
Quando for para construir
Este Carnaval meteu água
E causou alarido em Santarém
Para a próxima fiem-se no IPMA
Digo eu para vosso bem
O Carnaval é tradição em Samora
E se a coisa não der para o torto
Ainda vai rivalizar com o do Rio
Quando vier o novo aeroporto
A política ficou mais pobre
Lá para as bandas de Santarém
Com a saída do vereador
Do partido dos portugueses de bem
O homem gosta de atear fogueiras
Mas devia ter mais cuidado
Põe-se a brincar com o fogo
E de vez em quando sai chamuscado
Já na Câmara de Torres Novas
Há quem chore por um bigode
Foi-se embora o vereador Rodrigues
E sem ele acabou-se o pagode
Em Vila Nova da Barquinha
Têm azar com os parques temáticos
Com tanta água que já meteram
Deviam dedicar-se aos parques aquáticos
Por falar em meter água
Que dizer das piscinas da Chamusca
As obras duram há tantos anos
Que até o mais corajoso se assusta
A vice-presidente da Chamusca
Queria ser candidata a presidente
Mas nem dentro do seu partido
Conseguiu convencer muita gente
Em Santarém, Tomar e Mação
Os presidentes puseram-se a andar
Arranjaram um lugarzinho melhor
Quem é que os pode criticar
Neste país em que toda a gente muda
Seja de mulher, partido ou patrão
Já era tempo de se mudar
O Carnaval para o Verão
Saudações carnavalescas do Serafim das Neves