Gastar cera com defuntos, o PS e o PSD, e o exemplo da Chamusca que é um concelho em extinção

O crescimento do CHEGA que recruta políticos para candidatos a deputados como se recrutam trabalhadores para a vindima, não serve de lição aos líderes dos partidos tradicionais que falham todas as promessas.
É gastar cera com defuntos escrever sobre o facto do PSD na região ribatejana ser um partido fantasma quando chega a hora de concorrer às autárquicas? Há bons exemplos, mas na generalidade sobressaem os maus.
Nem por isso as direcções dos partidos a nível nacional pedem contas aos líderes regionais e locais. Com a desmobilização dos cidadãos, que estão cada vez mais descontentes com a vida política, os políticos locais e regionais, salvo as excepções, comportam-se como caciques e estão-se marimbando para os resultados pois sabem que nas altas esferas dos partidos discutem-se prebendas, marcas de carros, nomes de gajas e de gajos, e contam-se algumas piadas brejeiras que cortam a direito e gozam com quem se põe a jeito, independentemente de ser do partido A ou B.
Está por nascer o jornal ou a televisão, de âmbito nacional, que faça o escrutínio dos políticos e da vida em sociedade que não seja à volta das elites da capital. A maior parte dos colunistas são amigos dos governantes ou dos ex-governantes, mas apesar das diferenças de opinião todos têm acesso à mesma garrafeira, à mesma panela, às mesmas irmandades. É por isso que a regionalização é o maior fantasma no seio dos partidos, nas reuniões das associações de empresários, nos meios intelectuais onde se discutem lugares e posições na administração pública, em todos os lugares onde toca o alarme só de se falar numa possível descentralização de poderes que esvazie os poderes dos mangas de alpaca de Lisboa.
O crescimento do CHEGA que recruta políticos para candidatos a deputados como se recrutam trabalhadores para a vindima, não serve de lição aos líderes dos partidos tradicionais que falham todas as promessas da reforma da Justiça, do Serviço Nacional de Saúde, da escola e creches para todos, da habitação social e o mais que todos sabemos.
Pedro Nuno Santos é o líder do PS que há três anos na qualidade de ministro de António Costa, o seu líder no PS e no Governo, anunciou um novo aeroporto no Montijo que António Costa desfez no dia a seguir. Foi o governante que mais mentiu sobre a realidade da TAP e da CP, duas empresas que consumiram e consomem mais do orçamento público que quase todos os portugueses reformados.
Dizem as primeiras sondagens que na Carregueira, concelho da Chamusca, onde a CDU perdeu a câmara da Chamusca para o PS ao fim de mais de quase 40 anos de poder, dizem os números que os partidos tradicionais têm os dias contados. Não admira. O estranho é que seja só na Carregueira porque a abertura dos políticos do concelho para fazerem ali aquilo que mais ninguém quis noutra parte do território teve como paga o esquecimento eterno. Os investimentos prometidos estão por cumprir e mesmo que os políticos locais não saibam valer as suas reivindicações, o povo sabe fazer justiça pelas suas próprias mãos, neste caso usando o voto. Não resultou o castigo à CDU dando a vitória ao PS e a Paulo Queimado e Cláudia Moreira. Foi pior a emenda que o soneto. Falta saber se ainda vamos a tempo de ver o governo a cumprir as promessas que estão por cumprir, incluindo o raio de uma ponte que depois de fechada nos dois sentidos tem um tabuleiro onde qualquer dia se podem semear batatas. JAE.