Opinião | 23-04-2025 07:00

Na Chamusca treina-se para a semana de quatro dias e prescrevem-se anedotas, porque rir é o melhor remédio

Emails do outro mundo

Zombeteiro Manuel Serra d’Aire

Zombeteiro Manuel Serra d’Aire
A gestão socialista da Câmara da Chamusca foi muito zurzida por ter concedido a tarde de sexta-feira da semana passada aos seus funcionários, para realizarem um “encontro/convívio”, como consta em edital. Os munícipes menos avisados que precisassem dos serviços de atendimento ao público da autarquia sujeitaram-se a bater com o nariz na porta. Há quem tivesse visto nessa decisão algum eleitoralismo e desfaçatez. Outros viram-na como uma medida profiláctica gradual para preparar os funcionários para as semanas de quatro dias que aí vêm, com feriados à sexta-feira, esta semana, e no 25 de Abril e ainda mais uma possível ponte no 1º de Maio. Nada como testar a resiliência do proletariado a tanto tempo de ausência ao serviço. Até porque se há coisa que o proletariado gosta e sabe fazer é trabalhar.
Como a justificação era um encontro/convívio, imaginei, com inveja mesquinha, os funcionários, nessa tarde de trabalho para o comum dos mortais, em alegre confraternização, de volta de um porco no espeto e de umas minis, a jogar à sueca, à bisca e ao chinquilho, fazendo brindes eufóricos ao presidente Queimado. Só depois soube que o convívio decorreu no cine-teatro da vila, num ambiente soturno, sem cinema nem outras diversões. Ao que consta, os funcionários estiveram, afinal, a apresentar-se uns aos outros e a explicar as funções que têm na autarquia e as tarefas que desempenham. Ficámos assim a saber que o conceito de convívio, para Paulo Queimado e companhia, está ao nível da animação de um velório, de um plenário sindical ou de uma sessão de venda de colchões.
Ainda na Chamusca, outro caso que parece mentira mais foi mesmo verdade: no dia 1 de Abril, conhecido por Dia das Mentiras, a página de Facebook da Unidade de Saúde Familiar da Chamusca anunciou a saída do médico e coordenador da unidade, para, no dia seguinte, o próprio visado assinar uma publicação informando que se tinha tratado de uma brincadeira do Dia das Mentiras. Uma zombaria que alguns consideraram de mau gosto, mas que, para mim, demonstrou talento do autor face ao efeito pretendido. Já a minha avó dizia que rir é o melhor remédio. E se é para mentir, que seja para alguém acreditar. Mentir sem credibilidade é pura perda de tempo.
Sempre gostei de humor negro e pode dizer-se que essa foi uma das mentiras mais credíveis que ouvi ou li nesse dia, porque ninguém ficaria espantado se fosse realidade. Aliás, já dizia o grande António Aleixo: “P’ra mentira ser segura e atingir profundidade, tem que trazer à mistura qualquer coisa de verdade”. E essa foi uma mentira perfeitamente verosímil. Uma mentira descarada e amadora seria dizer que não há nem nunca houve falta de médicos na Chamusca ou que o concelho nunca teve um presidente de câmara que deixasse tantas saudades. Mas, lá está, até um néscio daria pela graçola.
Saudações proletárias do
Serafim das Neves

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