O direito a fazer campanha eleitoral nas peixarias dos hipermercados e a abstinência induzida por excesso de esclarecimento
Imarcescível Serafim das Neves
Imarcescível Serafim das Neves
Não vi nenhum debate entre políticos nas televisões. E vou manter a abstinência de declarações e promessas de políticos, até depois das eleições. Não é nenhum feito especial. Dos mais de dez milhões de eleitores inscritos, para votar nas legislativas de 18 de Maio, apenas viram os debates, cerca de um terço e, mesmo com uma afluência excepcional, apenas irão votar, pouco mais de metade, se não chover… ou se não fizer demasiado bom tempo, claro.
O mérito é todos dos líderes partidários. Já nos esclareceram tanto, tanto, tanto… que as dúvidas são raras. Parabéns a todos eles e às suas agências de propaganda. Vamos ser prósperos e felizes nos próximos anos, independentemente de quem ganhar e do que se passar no Mundo. E também, quem é que quer saber o que se passa no Mundo?!!! Os nossos políticos não querem, de certeza absoluta. E fazem bem. Muito bem, mesmo. O que eles poupam em comprimidos para dores de cabeça ou para a azia.
Quanto às campanhas eleitorais nas ruas e nos mercados, com bombos e gaitas ou sem bombos e sem gaitas, espero que se mantenham. Há sempre indecisos à espera daquelas actuações para escolherem em quem votar. E só lamento, que os candidatos não possam fazer arruadas no interior de grandes superfícies, sejam da área da alimentação, dos aparelhos electrónicos ou dos móveis. Falha grave que a Comissão Nacional de Eleições já devia ter resolvido há anos.
No início de Maio, no Entroncamento, o circo chegou à cidade, mas não montou tenda, como era habitual. Os palhaços; os trapezistas; os ilusionistas, os equilibristas e os restantes artistas do Circo Mágico, da família Cardinali, actuaram no palco do cine-teatro S. João. Quando acabaram a actuação, em vez de irem para as rulotes, devem ter-se metido no comboio para irem para casa. Sem elefantes, nem tigres, nem sequer póneis ou cães amestrados, é outra limpeza, outro descanso.
Espero que quem contribuiu para esta nova realidade circense, digamos assim, seja devidamente recompensado nas eleições. Não é só votar em quem baixa os impostos enquanto aumenta ordenados e reformas.
E depois do circo, devemos passar a ter touradas nos cine-teatro municipais. Coisa limpa e sem espinhas. Provavelmente com touros mecânicos e toureiros montados em cavalos de pau… a baloiçarem. Nada que acarrete riscos desnecessários. E são touradas ao vivo. A sério. Não são touradas virtuais. Não são touradas nas redes sociais.
Por falar em risco, ouvi uma economista explicar porque é que os serviços públicos não arriscam. Dizia ela que os privados podem falhar várias vezes até acertarem, sem que isso seja grave ou se demita o governo, mas que, qualquer erro no sector público, dá logo notícia de abertura nos telejornais.
A vontade manifestada por muitos políticos, de restringir a chegada de estrangeiros e mandar de volta para casa os que não têm autorização de residência, vai ser muito benéfica para a ligação dos nossos jovens à natureza, ao campo, e ao ambiente. Sem asiáticos nos campos, qualquer português, em vez de emigrar, poderá enveredar, livremente, pela apanha de mirtilos ou de morangos, seja no Ribatejo ou na zona do Alqueva.
Um abraço eleitoralista
Manuel Serra d’Aire