Opinião | 29-05-2025 07:00

O dia de Quinta-feira de Ascensão ainda é como era dantes

O dia de Quinta-feira de Ascensão ainda é como era dantes

A Quinta-feira de Ascensão marca os feriados municipais em 12 concelhos da região, mas só a Chamusca e Alenquer fazem da data um dia festivo. Alcanena, Almeirim, Golegã, Torres Novas, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Salvaterra de Magos, Arruda dos Vinhos e Vila Franca de Xira comemoram a data mas apenas como celebração e consagração da Primavera.

Vivemos tempos de Ascensão que, curiosamente, incluem um dia em que é feriado em 12 concelhos da região (Alcanena, Almeirim, Golegã, Torres Novas, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Salvaterra, Arruda dos Vinhos, Alenquer e Vila Franca de Xira). Só a Chamusca e Alenquer festejam o dia de Quinta-feira de Ascensão, ou Dia da Espiga, como também é conhecido, por ser o dia em que se comemora a consagração da Primavera. Apesar do feriado estar enraizado nas tradições locais, o dia feriado não é dia de festa a não ser na Chamusca e Alenquer. Em Maio de 2013 O MIRANTE publicou um texto, no seguimento de uma conversa com a maioria dos autarcas, onde o feriado é assumido apenas como dia de descanso, e todos concordaram que era assim que ia ficar, já que há outras datas para organizar festas locais. Aceito, mas não concordo. O dia do concelho devia ser festejado com iniciativas que dessem dignidade à data. Embora conceda que não sou um farol de exemplos, acho que os feriados municipais deviam ser mais valorizados. De verdade nunca festejo ou festejei o meu dia de aniversário, e quando os outros festejam a passagem do ano, ou outras datas importantes do nosso calendário, eu fico em casa a ver um filme ou a ler um livro. Mas uma coisa são os gostos pessoais, outra é a vida em comunidade.
Nos últimos anos, com a experiência da vida, só compareço a algumas iniciativas quando me apetece. Faço a gestão da minha agenda de forma a não desaparecer do mapa, mas também a não me obrigar a ser escravo do trabalho, de obrigações morais, gostos bairristas, entre outros.
Escrevo depois de ter decidido que este ano a Quinta-feira de Ascensão será um bom pretexto para uma manhã no campo a apanhar as laranjas doces que ainda restam nas laranjeiras, molhar os pés no rio, caminhar na areia durante meia hora e depois regressar a casa por caminhos da charneca, tentando olhar para o lado as vezes suficientes para não me esquecer que a paisagem mudou muito nos últimos anos, assim como mudámos muitos de nós que já não têm cu para as bebedeiras, as noitadas de picarias, os convívios pela noite fora para fortalecer amizades e reforçar o círculo de amigos.


Ainda num tempo e numa idade em que me apetece escrever/falar da sobrevivência da alma, importa lembrar que “a imortalidade não se queda apenas nas pessoas que deixam rastro luminoso da sua existência, pois também se junta ao património mental que deixam para a posteridade”. Roubei estas palavras a um livro onde o Historiador Joaquim Veríssimo Serrão escreve e deixa a sua marca, um livro que fala de homenagens, mas também serve de testemunho, para não esquecermos que somos “animais de trabalho”, mas também Homens com sentimentos, alegrias e dores que vão transformando a nossa maneira de ver e viver o mundo em que estamos mergulhados de corpo e alma.
Do livro de onde retirei esta frase está uma citação que não resisto a deixar aqui: “os homens de letras necessitam de 10 palavras para dizer o mesmo que um jurista faz em 5 páginas”. A citação justifica-se porque quero aproveitar o tempo de Ascensão para voltar a deixar aqui mais uma memória sobre o centenário do nascimento de Joaquim Veríssimo Serrão, que se comemora a 8 de Julho, e a que voltaremos mais vezes, aqui nesta coluna ou nas páginas do corpo deste jornal. JAE.

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