Opinião | 11-06-2025 21:00

O efeito do cartão do ginásio no emagrecimento sem exercício, e a opção de cotar os municípios em bolsa e distribuir dividendos aos eleitore

Emails do outro mundo

Desbundante Serafim das Neves

Desbundante Serafim das Neves
Cedi à propaganda e inscrevi-me num ginásio. Já pago a mensalidade há seis meses, mas ainda não tive tempo de lá ir. Não importa. Sei que tenho direito a usar todos os aparelhos que lá existem, que são imensos, e a ver-me nos espelhos enquanto estiver a fazer os exercícios, o que é excelente, porque me vai fazer encolher a barriga enquanto os faço.
Outra vantagem é poder andar com o cartão do ginásio pendurado ao pescoço, mesmo na praia, o que me dá um certo estatuto. E a beneficiar de um desconto se optar por recorrer aos serviços de um treinador pessoal. Agora só me falta arranjar tempo para ir ao ginásio, conseguir uma receita daquele medicamento que faz emagrecer, e pôr-me na lista da farmácia para o receber.
Com o cartão do ginásio e uns quilos a menos, por efeito do tal semaglutido, vou estar em alta. E se conseguir ficar bronzeado, melhor ainda. E posso dizer, com ar superior, como me dizem alguns a quem pergunto o que fizeram para estarem mais elegantes: “Muito ginásio e muita fominha”.
Enquanto reflectia sobre isto, chamou-me a atenção um texto sobre o lançamento de uma nova biografia do cantor espanhol Júlio Iglesias, que desafia os meus conhecimentos de matemática e de gestão do tempo. Lá é referido que o artista, de 81 anos, já teve 3.000 (três mil) amantes…até agora.
Partindo do princípio (se calhar estou errado) que não teve amantes em bebé e criança e que, enquanto adolescente, teve namoradas e não amantes. O Júlio teve, em média, uma amante, de oito em oito dias. E ainda teve tempo para compor, cantar, viajar, dar entrevistas, comer, ir à casa de banho… e, provavelmente, ao ginásio, uma vez que sempre me pareceu em grande forma, nas fotografias.
Serafim, reparei que no concelho de Vila Nova da Barquinha, as contas relativas ao ano passado fecharam com um saldo positivo de oitocentos mil euros. O presidente da câmara, Fernando Freire, pode não ser um grande autarca, mas é poupadinho. Eu se fosse a ele usava o dinheirinho da poupança para comprar certificados de aforro.
Mas a Barquinha não é caso único, nem a poupança é a maior de todas. Há muitos outros presidentes de câmara, inchados de orgulho por terem tido resultados a que chamam positivos, embora conseguidos à custa de não gastar dinheiro em obras necessárias e outros investimentos, nem terem reduzido os impostos municipais.
Noutros tempos, uma boa gestão autárquica era conseguir resolver problemas. Agora, uma boa gestão, é ter lucros como os dos bancos; das seguradoras; dos hospitais; das clínicas privadas e dos super-mercados. E é fantástico que assim seja.
Só espero que os autarcas/bons gestores, digamos assim, comecem a distribuir dividendos aos eleitores, como fazem as empresas privadas com os accionistas. E já agora, que comecem a cotar os municípios em bolsa, permitindo-nos comprar acções.
E que interessante seria, por exemplo, ver o presidente da câmara de Almeirim, a lançar uma Oferta Pública de Aquisição, vulgo OPA à câmara de Santarém, em vez de, como acontece actualmente, se candidatar a presidente da mesma.
Saudações ginasticadas
Manuel Serra d’Aire

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