O Bloco desfeito em cacos e o pesadelo na cozinha do hospital
Enérgico Manuel Serra d’Aire
Enérgico Manuel Serra d’Aire
Mais de cem militantes do Bloco de Esquerda do distrito de Santarém desfiliaram-se, ou melhor, desbloquearam-se, em ruptura com a direcção nacional do partido. Caso para dizer que o Bloco está desfeito em cacos, como um tijolo depois de levar com uma marreta de meia dúzia de quilos em cima. Ao que parece, há ali uma clivagem entre a facção que faz da defesa do proletariado a sua linha mestra e a tribo que dá preferência às chamadas causas fracturantes, desde as questões da identidade de género aos direitos LGBT, entre outras. Só que, neste momento, as causas fracturantes não parecem estar entre as prioridades da maioria dos portugueses; e quanto aos direitos dos trabalhadores, até estes já não parecem muito interessados nisso, tendo em conta os resultados que os partidos de inspiração marxista tiveram nestas eleições legislativas. O que o nosso proletariado pelos vistos quer, analisando os resultados eleitorais de forma simplista, é que não venham para cá tantos trabalhadores de outros países para executarem os trabalhos precários, duros e mal pagos que os portugueses não querem fazer.
O que me surpreendeu mais nessa notícia sobre a debandada bloquista foi o facto de o Bloco de Esquerda ainda ter tantos militantes no Ribatejo, e sobretudo em Salvaterra de Magos, ao ponto de se terem demitido mais de uma centena e ainda cá ter ficado uma boa mão cheia deles. Um dos demissionários foi o vereador do Bloco na Câmara de Salvaterra de Magos, Luís Gomes. O tal que continua a participar nas reuniões de câmara à distância, por via remota, o que fará dele, provavelmente, um caso único no país. Seria um acto de caridade se alguém o avisasse que a pandemia já foi dada como extinta há um bom par de anos e que os ajuntamentos voltaram a ser permitidos. Digam lá alguma coisa ao homem...
Parece que a ASAE passou pela cozinha do Hospital de Santarém e mandou encerrar o espaço por não reunir condições. Ao que consta, já tinha sido dado um alerta há cinco anos, mas até à data não houve tempo para reparar os males. O que até se compreende. Pelo meio meteu-se a Covid, a guerra na Ucrânia, um mundial e um europeu de futebol e várias mudanças de Governo e de administração no hospital. Só foi pena que, pelo meio, não houvesse alguém que se lembrasse de concorrer àquele concurso televisivo chamado Pesadelo na Cozinha. Com um pouco de jeito ganhavam uma cozinha nova sem beliscar o erário público.
Folgo em saber que te converteste a uma das tribos mais ‘in’ da sociedade contemporânea, a tribo do ginásio, apesar de ainda não teres lá posto os pés. Acredito que só pelo facto de teres o cartão de sócio do estabelecimento e fé nos resultados desse arrojado passo já perdeste umas boas calorias. E quanto ao facto de ainda não teres tido vontade para ultrapassar o estatuto de não praticante, não te recrimines. Pensa nos milhões de católicos não praticantes deste país que andam convencidos que vão para o céu. É tudo uma questão de fé…
Um rapapé do
Serafim das Neves