Um canivete suíço em formato humano e a prova de que o tamanho faz toda a diferença
Afinal o tamanho importa e que o digam os dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos do Sport Clube de Ferreira do Zêzere, que depois de uma época imaculada no distrital de futebol de Santarém decidiu rejeitar a subida às competições nacionais por não ter um campo com as medidas mínimas exigidas pela Federação Portuguesa de Futebol. E não estamos a falar de uma questão de centímetros, mas sim de alguns metros a menos. Como não se encontrou solução para fazer crescer o recinto a tempo dos aliciantes encontros que se adivinhavam, murchou a ideia da direcção de ter a equipa noutras andanças.
Sempre ouvi dizer que quem não se aguenta à bronca não se deve meter em apertos, mas muitas vezes há um lado luminoso numa história menos agradável. Enquanto noutras latitudes de tudo se faz para trepar na escala do futebol nacional, como o caso de uma equipa de Vila Franca de Xira que acabou a jogar no norte com outro emblema e outro nome, os ribatejanos do pinhal de Ferreira do Zêzere demonstraram uma louvável lealdade às origens e recusaram andar com a casa às costas. E ainda proporcionaram a sorte grande ao Samora Correia, que os vai substituir no Campeonato de Portugal. Com adversários destes, quem é que precisa de amigos?
O deputado Ricardo Oliveira, líder distrital do PSD, ex-presidente da junta, ex-vereador da Câmara de Benavente, ex-assessor do secretário de Estado da Agricultura, actualmente também eleito da Assembleia Municipal de Benavente e sabe-se lá de que mais, revelou ao mundo e à vizinhança que pretende voltar a ser também presidente da Junta de Freguesia de Santo Estêvão, cargo que desempenhou em tempos idos e a que agora se volta a candidatar. Pelos vistos a Assembleia da República não lhe chega e o político precisa da adrenalina de actividades radicais como passar licenças para canídeos e atestados de residência. Só pode!
Ricardo Oliveira é uma espécie de canivete suíço com formato humano e dada a sua nacionalmente reconhecida multiplicidade de competências e funções poderia, e deveria, ser posto ao serviço da sociedade e do país de forma ainda mais assertiva e eficaz. Ninguém quer pegar na direcção da colectividade, que ameaça fechar portas? Chamem o Ricardo, que ele assume! Não há médicos de família no centro de saúde? Dêem-lhe uma bata e um estetoscópio e o Ricardo resolve! O Gyokeres vai sair do Sporting e não há substituto à altura? Paguem a cláusula de rescisão à Assembleia da República e levem o Ricardo para Alcochete, que é logo ali ao lado! Falta um parceiro para a sueca? É só chamar um trunfo de nome Ricardo!
Não há desafio que atemorize este super homem das lezírias, este cruzador de tantos mares por outros nunca navegados. Uma medalha no próximo 10 de Junho é o mínimo de reconhecimento que se aceita por esta buliçosa entrega à causa pública.
Saudações e sardinhadas do
Serafim das Neves