O Colete Encarnado em Vila Franca de Xira e as memórias das festas que ficam para a vida

A festa do Colete Encarnado não se recomenda a quem não gosta de grandes ajuntamentos, e muito menos a quem gosta de ir jantar ou lanchar com os amigos ouvindo música clássica, falando dos problemas da quadruplicação da linha do comboio, do futuro aeroporto em Alverca, do barulho e da poluição dos aviões, dos problemas no hospital, dos aterros ou do crescimento da habitação em altura, entre outros assuntos que afectam especialmente o concelho de Vila Franca de Xira, um dos mais diferenciadores da Área Metropolitana de Lisboa.
A festa do Colete Encarnado junta uma multidão em Vila Franca de Xira durante 3 dias. Não há outra festa ligada aos toiros que junte tanta gente, sendo certo que a grande maioria não vai às corridas nem às largadas e, certamente, uma parte também não aprecia as tradições tauromáquicas nem as aplaude.
O Colete Encarnado tem uma tal dimensão ao nível da festa popular que os toiros e as touradas ficam para segundo plano. O forte da festa é a presença de milhares de pessoas, os encontros entre grupos de amigos, e, especialmente, a forma como o concelho mostra a sua actividade associativa. A festa nas ruas não se recomenda a quem não gosta de grandes ajuntamentos, e muito menos a quem gosta de ir jantar ou lanchar com os amigos ouvindo música clássica e falando dos problemas da quadruplicação da linha do comboio, do futuro aeroporto em Alverca, do barulho e da poluição dos aviões, dos problemas no hospital, dos aterros ou do crescimento da habitação em altura, entre outros assuntos que afectam especialmente o concelho de Vila Franca de Xira, um dos mais diferenciadores da Área Metropolitana de Lisboa.
Conheço mais de ouvir contar do que vivenciar as festas do Colete Encarnado. O mesmo com a Feira de Maio, na Azambuja, ou Alenquer, as festas de Mação que também decorrem nesta altura, as de Abrantes que acabaram recentemente, e muitas outras que são notícia em O MIRANTE, e vão continuar a ser, se a redacção do jornal perceber que falar das festas locais é mais do que publicar o programa.
Nos meus tempos de juventude sempre fui mais de bailaricos e largadas do que de petiscos e copos, embora me lembre de muitas ressacas, também quando era jovem, que me faziam corar de vergonha nos sete dias da semana seguinte. E, uma vez, uma única vez, por obrigação, peguei de caras à saída dos curros as quatro vacas de uma picaria nas festas de Vale de Cavalos, por razões que não é altura para explicar. Mas faço notar que ainda hoje guardo memórias dolorosas de algumas ressacas, e não me lembro de uma única razão para beber quase até cair para o lado.
Voltando ao Colete Encarnado: quando as galinhas tinham dentes, ia a Vila Franca de Xira todos os anos para ter que contar. Ainda hoje provo da mesma sopa. Aonde vou estou sempre a trabalhar. Foram nesses anos dourados, em que ainda tinha mau vinho, que mandava despejar a cerveja para o copo junto ao balcão para depois me juntar aos amigos e ninguém perceber que estava a beber cerveja sem álcool. Mesmo assim, com toda essa escola da vida que me obrigou bem cedo a ganhar juízo, ainda apanhei uns sustos nas varolas, a mota resvalou algumas vezes nas curvas, e cheguei a enfiar o barrete até quase tapar os olhos, mesmo tendo uma curta vida de forcado e nunca tenha vestido o traje de campino. JAE.