Uma réplica do clube do Bolinha e uma inocente escapadinha de Verão para fugir à rotina
Implacável Manuel Serra d’Aire
Implacável Manuel Serra d’Aire
Não é um horror, um drama ou uma tragédia, antes pelo contrário: dá vontade de rir e também desperta muitas interrogações. Ao que consta, os eleitos da oposição na Assembleia de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa estão impedidos pelo executivo da junta, de maioria socialista, de visitar as instalações onde funciona a junta de freguesia. Os autarcas bem pedem, mas têm levado sempre nega. E como o fruto proibido é o mais apetecido, continuam a insistir na pretensão, tendo até apresentado uma moção nesse sentido. Mas, ao que parece, nem assim...
Não sei o que pretende lá ir fazer a oposição ou o que pensa ir encontrar nesse edifício onde funciona a autarquia, mas dada a relutância da presidente da junta em franquear o acesso à sua fortaleza é realmente de ficar com a pulga atrás da orelha. A presidente até disse que já tem havido eleitos a tentarem à força perturbar o normal funcionamento dos serviços, a abrir portas e a querer forçar a entrada na junta de freguesia. No clube do Bolinha “menina não entra”, neste clube é a oposição que fica de fora. É realmente um fenómeno inédito, ao que sei. Autarcas a querer forçar a porta da junta, só mesmo quando se esquecem da chave, digo eu...
O que haverá nessas instalações que mereça este zelo de banco suíço? Que misterioso segredo ali se encerra? Enriquecimento de urânio? D. Sebastião, dado como desaparecido há cinco séculos? A caixa forte do Banco de Portugal? Algum tesouro deixado para trás pelos franceses nas invasões napoleónicas? Uma reserva de Barca Velha só para clientela seleccionada? Elvis Presley afinal está vivo e é funcionário administrativo da junta? Enfim, haja imaginação…
Enquanto que nas instalações da Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa a oposição não consegue entrar, nas cadeias do concelho de Azambuja está a começar a tornar-se demasiado notória a facilidade com que os reclusos saltam o muro para se pôr ao fresco. Depois de um episódio rocambolesco no ano passado, na cadeia de Vale de Judeus, quando cinco meliantes se puseram na alheta e puderam respirar o doce ar da liberdade durante algumas semanas, no início desta semana foram dois reclusos do vizinho estabelecimento prisional de Alcoentre que pularam a cerca.
Os dois cadastrados saltaram o muro numa zona sem vigilância, videoárbitro ou nadador-salvador, o que impediu a detecção da infracção, e andaram a monte (e também por vales) durante uma dúzia de horas. Registo no entanto dois detalhes que dizem muito sobre o sentido de responsabilidade dos fugitivos e que, eventualmente, podem servir de atenuante. Antes de escaparem tiveram o cuidado de ir tomar a medicação; e só deram de frosques depois das seis da tarde. E no dia seguinte, às nove da manhã, já estavam novamente ao serviço, mesmo que contra a sua vontade. Foi apenas uma escapadinha de Verão para fugir à rotina. Quem nunca fez o mesmo que atire a primeira pedra, ainda por cima com um tempo tão bom lá fora…
Saudações estivais do
Serafim das neves