Opinião | 13-08-2025 21:00

O abençoado Quim Barreiros e os homens e mulheres providenciais que se sacrificam pela nossa democracia

Emails do outro mundo

Pertinaz Manuel Serra d’Aire

Pertinaz Manuel Serra d’Aire
Há uns tempos falei sobre um político da nossa região que é um autêntico canivete suíço em formato humano, por ser personalidade de múltiplos afazeres e funções políticas e partidárias. Não vou bater mais no ‘ceguinho’. Antes pelo contrário. Vou sim louvar os homens e mulheres providenciais e devotados à causa pública que ainda há um par de meses foram eleitos para a Assembleia da República e já estão noutra refrega eleitoral como candidatos às eleições autárquicas. São candidaturas em cima de candidaturas, campanhas eleitorais umas atrás das outras e a maior parte dos portugueses repimpados no sofá e, muitas das vezes, a castigá-los ainda com comentários pouco abonatórios nas rede sociais.
Desta realidade extrai-se uma conclusão evidente: actualmente há pleno emprego na actividade política. O que obriga os esforçados proletários do sector a desdobrarem-se por diversos cargos e funções para assegurarem a mão-de-obra necessária ao devido funcionamento das instituições do nosso regime democrático. Um bem haja ao seu estoicismo.
O músico, letrista e cantor Quim Barreiros é um fenómeno de popularidade há décadas e continua a penetrar, passe o termo, em todas as gerações e estratos sociais, independentemente da cor, ideologia, clube ou religião. Não deve haver estudante do ensino superior desde os anos 90 que não se tenha deleitado com os peitos da cabritinha, com a picada de enfermeiro ou com o bacalhau da Maria. Futuros médicos, advogados, engenheiros, governantes e deputados, machos e fêmeas, têm cantado e dançado ao longo dos anos ao som do carro a entrar e a sair da garagem da vizinha. O sucesso é tão notório e transversal que até a Igreja Católica se rende às virtudes do artista do bigode e das letras marotas. Como foi o caso da Vigararia de Tomar, que o contratou para um evento solidário que visava angariar fundos para levar 90 jovens ao Jubileu dos Jovens, em Roma. E os jovens lá foram, ao ritmo do mestre da culinária. Por este andar, ainda vamos ver o abençoado minhoto actuar na Praça de São Pedro.
Nos tempos das vacas gordas, o músico do bigode farfalhudo era presença frequente nas campanhas eleitorais autárquicas, em que abundavam porcos no espeto e vinho a granel nos sempre muitos concorridos e animados comícios-festa. Havia cidadãos eleitores, de mastodônticos apetites, que os corriam todos - os comícios, claro! -, aplaudiam freneticamente e juravam fidelidade às ideias políticas e aos generosos candidatos que lhes forravam o bandulho e lhes lubrificavam a goela. Tempos que já lá vão! Hoje as apresentações estão mais assépticas e menos participadas, e já nem com imperial e febras a coisa se consegue disfarçar. Já não há quins barreiros nem autocarros cheios de povo vindo das aldeias para encher as praças e largos das cidades e vilas. Pelos vistos, o povo já não vai em cantigas. Ou, então, tem que se renovar a ementa...
Um abraço caloroso do Serafim das Neves

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1729
    13-08-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1729
    13-08-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1729
    13-08-2025
    Capa Vale Tejo