A tradição já não é o que era no Ribatexas e os atrasos da CP não são só nos comboios
Fulminante Manuel Serra d’Aire
Fulminante Manuel Serra d’Aire
Há meia dúzia de décadas era usual os bebés nascerem em casa, com auxílio de parteiras, quando as havia à mão. E na altura havia muitas. Depois surgiu essa modernice do Serviço Nacional de Saúde e as grávidas passaram a parir quase todas nas maternidades. Mas como o mundo e a vida estão em perpétua mudança, entretanto o panorama alterou-se novamente e hoje a moda é nascer em ambulâncias à beira da estrada ou da auto-estrada. Até agora as coisas têm corrido sobre rodas, como se diz na gíria, e não há azares de maior a registar, com o nosso país a revelar mais uma vez novos mundos ao mundo. Desta vez não graças às caravelas e aos navegadores, mas sim aos bombeiros parteiros e às suas maternidades ambulantes.
Tal como mencionaste, a tradição já não é o que era no Ribatejo na arte de lidar com o gado bravo. Os campinos e forcados são ícones ribatejanos graças à sua coragem e destreza para lidar com touros bravos e outros exemplares de raça bovina e não só. Foi por isso com surpresa que li a notícia de que quatro touros que andavam a monte nos arrabaldes de Santarém foram mortos a tiro pela GNR, depois das várias tentativas goradas para os capturar. Para grandes males, grandes remédios! Foi um safari que redundou em mais um episódio de touros de morte, desta vez longe de Barrancos, que mereceria a habitual indignação inflamada do PAN, não estivesse o partido fechado para banhos ou a dar banho ao cão. Em pleno Ribatejo, no nosso Ribatexas, não se arranjavam dois ou três campinos que tratassem de recolher o gado fugido? Ou estavam todos de férias ou mobilizados para as festas e romarias?
A banhos, mas de suor, têm andado os funcionários das bilheteiras da estação ferroviária do Entroncamento. Pelo menos a fazer fé no sempre atento e aguerrido Sindicato dos Trabalhadores do Setor Ferroviário, que convocou uma greve parcial no final de Agosto, parar durar até meados de Setembro, reivindicando melhores condições de trabalho para os mencionados trabalhadores. Segundo o sindicato, os homens e mulheres que abnegadamente garantem o atendimento ao público nas bilheteiras do Entroncamento são expostos a radiação solar directa durante várias horas consecutivas, situação que se traduz em desconforto térmico acentuado e manifesta degradação das condições ambientais no posto de trabalho. Ou seja, descodificando o arrazoado sindical, faz um calor do caraças nas bilheteiras durante as tardes de Verão e é altura de a CP gastar umas massas na climatização do espaço. Parece uma pretensão justa e que nada tem de extraordinária, não fosse o caso de a reivindicação ter chegado já no final do mês de Agosto, quando o braseiro estival, coincidentemente, começou a acalmar. Pelos vistos não são só os comboios da CP que, por vezes, não chegam a horas. Mas mais vale tarde do que nunca…
Saudações ribatejanas do
Serafim das Neves