Alta voltagem na campanha em Rio Maior, abrenúncios nas arenas e a nova temporada do TGV
Descomunal Manuel Serra d’Aire
Descomunal Manuel Serra d’Aire
Tal como o novo aeroporto, a linha ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Porto é um clássico da nossa vocação para procrastinar e encanar a perna à rã. Assim que as coisas parecem estar a ganhar andamento, alguma ocorrência trata de colocar areia na engrenagem e emperrar o processo. Com o aeroporto têm sido décadas de ziguezagues, de avanços e recuos, de saltos de poiso em poiso. Veremos onde aterra de vez. O mesmo se passa com a alta velocidade. O traçado já estava praticamente definido entre o Porto e o Carregado, com possíveis variações de pormenor ainda por fechar, mas agora eis que aparece uma nova ideia, vinda da iniciativa privada, que defende uma alternativa a passar por Santarém que seria mais vantajosa para a região. Os autarcas ficaram todos entusiasmados, tal como há um par de anos ficaram com a ideia do aeroporto em Santarém, que entretanto se despenhou; mas eu aconselhava-os a terem os pés assentes na terra e a seguirem o exemplo de São Tomé, porque palavras e papéis leva-os o vento…
O candidato do CDS à Câmara de Vila Franca de Xira, Paulo Núncio, quis seguir literalmente o velho provérbio “em Roma sê romano” e pensou que não haveria melhor forma de tentar penetrar no eleitorado vilafranquense do que mostrar os seus dotes de forcado. A coisa correu mal. Pegando de caras uma rês pouco maior do que um bode, o também líder do duo parlamentar do CDS na Assembleia da República deixou às claras a sua manifesta incapacidade e falta de jeito para façanhas taurinas que vão para além de estar sentado na bancada a bater palmas aos protagonistas. Levou uma marrada nas partes baixas que o deixou estendido na poeirenta arena onde pretendeu ir brincar aos toiros e à caça ao voto. Já o animal, ao que consta, saiu incólume do debate, que ganhou por KO.
Que tire, pois, o cavalinho da chuva quem pudesse estar a contar com o deputado Paulo Núncio para ajudar a resolver o problema do gado bravo que costuma andar à solta por caminhos e propriedades de Vila Nova de São Pedro, assustando a população. Ele bem gostaria de ser prestável, estamos certos, mas, pelo que vimos das imagens do seu encontro com o bezerro, não é aconselhável recorrer aos seus préstimos em situações que envolvam animais com porte superior ao de um hamster ou de um chihuahua.
A campanha para as autárquicas também tem andado animada em Rio Maior, terra com amplas tradições no que respeita a mocada e modalidades conexas. O candidato do Volt à Câmara de Rio Maior queixou-se de ter sido ameaçado em casa, de madrugada, por um grupo de rapaziada com cara de poucos amigos e a sede de campanha do partido foi alvo de um atentado com uma bomba artesanal que não causou grandes estragos mas provocou susto. Pode mesmo dizer-se que foram episódios de alta voltagem que deixaram muita gente em choque. Cinquenta anos depois do Verão Quente de 75, a temperatura neste Outono também promete ser elevada para aquelas bandas. Só falta mesmo o regresso do leão de Rio Maior…
Saudações eleitorais do
Serafim das Neves