Opinião | 15-10-2025 21:00

Arranjar dinheiro para pagar prisões municipais, sonhar com um mecenas só nosso e ter alma de Faraó

Emails do outro mundo

Navegante Serafim das Neves

Navegante Serafim das Neves
Um carteirista de 71 anos está em prisão preventiva a aguardar julgamento, acusado de ter gamado uma dezena de carteiras em Lisboa. E antes disso foi condenado por ter gamado outra carrada de carteiras no Porto. Falo-te neste caso porque nem os carteiristas com mais de setenta anos vêm trabalhar para a região de Santarém – Fátima não conta porque já fica quase em Leiria - o que mostra a nossa pouca atractividade laboral.
Mas o facto de ninguém vir para aqui gamar, não nos tranquiliza. Basta ver que há uma caterva de candidatos a câmaras municipais e juntas de freguesia, que têm como primeira prioridade, no caso de vencerem as eleições, a instalação de câmaras de videovigilância nas ruas, e a criação de polícias municipais, custe o que custar. E pelas contas que já fiz, assim por alto, vai custar imenso.
Só espero que, com tanto investimento em segurança, sobre algum dinheiro para outras coisas, para não ser preciso aumentar impostos, taxas e tarifas, porque, isso sim, seria um roubo… digamos assim. E então, se começarem também a construir prisões municipais, ainda nos arriscamos a ter a Troika nas autarquias locais e o povo a gritar, Não Pagamos!
O que vale é que, aqui pelos nossos lados, construir seja o que for demora tempos infinito. Isso se vier a ser construído. Ainda a semana passada foi inaugurado o novo quartel da GNR de Alpiarça, que andou trinta anos a ser prometido e esquecido.
E obras como aquela há para aí resmas, à espera. E não ficam baratas. Esta custou perto de dois milhões de euros, não contando com os milhares gastos… nos avanços e recuos, planos, projectos, preparos e outras coisas mais.
Por falar em pagamentos, anda por aí uma discussão sobre quem pagou a viagem a Gaza de uns tantos portugueses, entre os quais o activista Miguel Duarte, ali de Azambuja. Invejas, digo eu. Se alguém decidisse pagar-me um cruzeiro, não a Gaza porque não está entre as minhas preferências, mas às Caraíbas, por exemplo, eu também não divulgaria o nome do benfeitor, para não ir logo toda a gente cravá-lo.
Seja como for, quem financiou a viagem dos portugueses e dos outros, é de uma generosidade a toda a prova. Se um simples passeio de barco às Berlengas, que demora uma meia horita, custa entre 25 e 30 euros por pessoa, imagina em quanto fica uma coisa daquelas que durou vários dias e teve várias dezenas de passageiros?!! Terá sido um daqueles excêntricos que apareciam na publicidade aos jogos Santa Casa?
Aqui há dias, um amigo nosso, a propósito de andar a comer e beber à vara larga e a derreter dinheiro em tudo o que lhe dá prazer, como se não houvesse amanhã, disse-me que o fazia porque era o que levava desta vida.
Não foi a primeira vez que ouvi a frase e acho que ela remonta aos Faraós egípcios, mas esses quando morriam levavam mesmo carradas de coisas. Agora, tirando a fatiota e os sapatos, não se leva mais nada. Nem telemóvel, nem animal de companhia, nem sequer os óculos de sol, que nos fariam tanto jeito, por causa do brilho do Além.
Um abraço faraónico
Manuel Serra d’Aire

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