Opinião | 11-11-2025 11:42

Por cada 100 euros disponíveis, famílias portuguesas poupam 13 euros, abaixo da média da União Europeia

Por cada 100 euros disponíveis, famílias portuguesas poupam 13 euros, abaixo da média da União Europeia

Dia Mundial da Poupança: Portugal regressa a valores que não via há mais de 20 anos. Este artigo resulta de uma parceria entre O MIRANTE e o Instituto +Liberdade.

No dia 31 de Outubro assinalou-se o Dia Mundial da Poupança — uma data que para alguns é de celebração, e para outros, de reflexão. Há quem veja neste dia o reconhecimento do esforço e da disciplina que permitem acumular reservas financeiras; mas há também quem o encare como uma chamada de atenção às dificuldades em poupar num contexto de salários limitados e custo de vida elevado.
Os números mostram uma realidade mista, mas com sinais encorajadores. Em 2024, por cada 100 euros de rendimento disponível, as famílias portuguesas pouparam 13 euros — um valor ainda ligeiramente abaixo da média da União Europeia (14 euros), mas que representa uma recuperação significativa face à última década.
Na viragem do século, Portugal estava lado a lado com a média europeia: em 1999, a taxa de poupança nacional era de 14%, enquanto a europeia se fixava nos 13%. No entanto, a partir de 2004 iniciou-se uma trajetória descendente. Durante quase duas décadas, a taxa de poupança portuguesa oscilou entre 7% e 8%, criando um fosso persistente face à Europa. Apenas em momentos de incerteza — como a crise financeira de 2008-09, a crise das dívidas soberanas e a pandemia — se registaram aumentos temporários, fruto do receio das famílias perante o futuro.
Hoje, Portugal regressa a valores que não via há mais de 20 anos. Apesar de a taxa de poupança ainda ser 8% inferior à de 1999, o país reencontra uma margem de segurança financeira mais próxima do padrão europeu. De acordo com o Eurostat, a taxa de poupança das famílias portuguesas é atualmente de 13%, enquanto o Instituto Nacional de Estatística (INE), com base em metodologia distinta, aponta para 12,5%.
Mais do que um indicador económico, a poupança é um termómetro de confiança. Poupamos quando acreditamos no futuro — quando sentimos estabilidade, previsibilidade e oportunidade. Portugal começa a reencontrar esse equilíbrio. Se conseguirmos consolidar uma economia mais produtiva, com rendimentos mais elevados e impostos menos penalizadores, a cultura de poupança poderá deixar de ser exceção para voltar a ser um hábito enraizado. Porque um país que poupa é, também, um país que se prepara melhor para o que vem a seguir.
André Pinção Lucas e Juliano Ventura

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