Trotinetas, tranças pretas, o Padrinho e informação para distraídos e passeadores de ‘patudinhos’ incontinentes
Vanguardista Serafim das Neves
Vanguardista Serafim das Neves
Os sinais públicos mais admiráveis que conheço, são os que dizem coisas como “proibido deitar lixo para o chão” ou “proibido deitar beatas para o chão”. São extremamente úteis, como se percebe, apesar de incompletos. Eu, por exemplo, fico sempre sem saber se só é proibido deitar lixo ou beatas para o chão junto deles, ou se a área de abrangência dos mesmos, é mais alargada.
É uma falha, não colocarem um sinal de início e outro de fim de proibição, como para as ultrapassagens. E também podiam indicar o período horário, como nos estacionamentos. Proibido deitar lixo para o chão entre as 08h00 e as 20h00 era bem mais eficaz. Todos os que deitam lixo para o chão continuariam a fazê-lo, mas pelo menos, saberiam a extensão exacta da sua transgressão, digamos assim.
Um dia destes vi um contentor do lixo com um autocolante a avisar que o mesmo era para colocar lixo, não fosse alguém pensar que era para guardar a roupa interior, por exemplo. O investimento em sinalização e informação municipal nunca é demais. E tem crescido, pelo que vou observando. Por vezes os sinais e avisos são tantos, tantos, que têm que ser encavalitados uns em cima dos outros. E não me admirava nada que alguns passeios tenham que ser ampliados, para caberem lá todos.
Se alguém deita lixo ou beatas para o chão; se usa um martelo pneumático no apartamento às duas da manhã, ou se não apanha o presente que o “patudinho”, digamos assim, deixou no passeio ou na relva do jardim onde brincam crianças, é só por distracção. E talvez por isso, nunca ninguém apanha uma daquelas coimas previstas nas múltiplas leis, posturas e regulamentos. Punir distraídos é abominável!!
Aqui há dias constatei que o Entroncamento, cidade na vanguarda de tudo, ou quase tudo, se tornou uma espécie de capital da trotineta eléctrica. E merece-o mais do que a Golegã merece ser a capital do cavalo.
Na Golegã só há cavalos, daqueles, mesmo de quatro patas, durante a Feira de S. Martinho. E só em zonas delimitadas. No Entroncamento há trotinetas todos os dias e a todas as horas, seja em ciclovias, passeios, ruas, arruamentos, jardins, praças, becos, estradas e esplanadas.
O novo meio de transporte é uma moda só comparável à das tranças pretas que teve direito a fado e tudo. Se o novo presidente da câmara, Nelson Cunha, aderir à moda - não das tranças pretas, mas da trotineta - e começar a usá-la para as deslocações oficiais na cidade, é a cereja em cima do bolo, como se costuma dizer. Afinal, na vizinha capital do cavalo, o presidente nunca foi, nem vai, para as reuniões do executivo, montado num puro-sangue Lusitano.
Termino com uma das primeiras decisões do novo presidente da câmara de Tomar, Tiago Carrão (AD/PSD/CDS-PP): a entrega ao vereador do Chega, Samuel Fontes, de um lugar a tempo inteiro, no executivo, ao lado das eleitas da sua lista, Célia Bonet e Sandra Cardoso. Não sei se o autarca anda a ver filmes antigos, mas em O Padrinho II, Michael Corleone, interpretado por Al Pacino, defende que se devem manter os amigos perto e os inimigos… ainda mais perto.
Um abraço sobre rodas
Manuel Serra d’Aire


