O desperdício em sabão a lavar a cabeça a burros e as tempestades com nomes de senhoras jeitosas
Reflexivo Manuel Serra d’Aire
Reflexivo Manuel Serra d’Aire
Ando maravilhado a acompanhar esta disputa entre as corporações de bombeiros da região para ver quem conquista o título de mais partos realizados em ambulância. Está a ser uma competição bastante disputada, que contou com mais um episódio na passada semana, desta vez com os Bombeiros de Caxarias a ajudarem a dar à luz um bebé em plena A1. Já havia vias baptizadas como “estrada da morte”, devido aos acidentes fatais que por lá vão acontecendo com alguma frequência; agora temos as “estradas da vida”, pelo número de nascimentos que lá ocorrem. E a autoestrada A1 é uma delas. As áreas de serviço das autoestradas, aliás, já deviam estar equipadas com maternidade e serviço de neonatalogia para dar resposta a esta realidade; e as lojas de conveniência deviam vender fraldas, biberões e chuchas.
Gostei muito da tua reflexão sobre os avisos e sinais a apelarem às boas práticas e ao civismo da população que coube em sorte a este país e a esta região. E, tal como tu, continuo a surpreender-me com a resistência que algumas cavalgaduras conseguem demonstrar, nomeadamente no que toca à deposição do lixo nos recipientes adequados. É raro o dia que não vejo sacos de lixo deixados no chão junto aos contentores, como quem diz: aqui é que eu estou bem! As autarquias ou as empresas responsáveis pelo serviço bem se esfalfam a colocar autocolantes com letras garrafais, desenhos e sei lá que mais, a explicar o básico: que o lixo é para colocar no respectivo contentor. É uma obviedade que nem sequer deveria merecer o trabalho e o dinheiro investido. Toda a gente sabe para o que servem aqueles recipientes, mas continua a enterrar-se balúrdios em campanhas de sensibilização, como quem gasta sabonete a lavar a cabeça a jumentos. Sem efeito. Já diz o ditado que burro velho não aprende línguas. Deve ser gente saudosista dos tempos das lixeiras selvagens e de quando se despejavam as águas sujas pela janela que se dá mal com modernices…
Não sei quem coloca os nomes às depressões, tempestades, furacões e afins, mas penso que é altura de terem mais um bocadinho de imaginação. Se estão com falta de inspiração falem com a equipa de criativos da Polícia Judiciária, que eles dão uma ajudinha. Ainda recentemente a “Operação Obélix” deitou a luva a uma médica que andava a passar, abusivamente, prescrições de um medicamento para diabéticos que é também muito requisitado por quem quer perder peso sem fechar a boca ou deitar os bofes pela boca no ginásio. É altura de passarmos a enfrentar intempéries com nomes como deve de ser e tipicamente portugueses, como furacão Gervásio, tempestade Tibúrcio, borrasca Gertrudes ou ciclone Felismina. Perguntarás tu: para quê? Que importância tem isso? Não sei, é apenas embirração minha, mas já que querem dar nomes às coisas que os arranjem de jeito. Cláudia, por exemplo, é nome de top model e não de um vendaval que leva telhados pelos ares e nos inunda as cozinhas.
Saudações outonais do
Serafim das Neves


