Natal e Ano Novo é tempo de ficar em casa
Com chuva ou com sol os tempos festivos são os melhores para ficar em casa e fugir dos problemas que, regra geral, surgem quando caminhamos todos, em tempos festivos, para os mesmos destinos de férias.
Chegou o tempo de ficar em casa. Evitar aeroportos, cidades cheias de turistas, filas para os restaurantes, entradas para os museus esgotadas, estradas entupidas de carros, falta de estacionamentos, preços inflacionados na grande maioria dos produtos, a melhor altura para nos impingirem gato por lebre sem que, com o barulho das luzes, tenhamos olhos para ver. Sim, o Natal e o Ano Novo são as datas preferidas para viajar, e por isso os acidentes nas estradas triplicam, as urgências dos hospitais podem demorar um dia para acudirem a um doente em perigo de vida, as autoridades andam mais assanhadas e perdoam menos os incautos, e para nossa desgraça até os ladrões duplicam o horário de trabalho, e encontram com muito mais facilidade os distraídos da vida que saem da sua zona de conforto, mas, mal saem, já se esqueceram dos perigos que correm.
É verdade que o Natal e os festejos do Ano Novo só acontecem uma vez por ano no calendário. Mas a festa pode muito bem ser feita depois ou até por antecipação. Não é de hoje a canção de Paulo de Carvalho, com poema de Ary dos Santos, que canta que "o Natal é em Dezembro mas em Maio pode ser, Natal é em Setembro, é quando um homem quiser". O problema é que a poesia e a música não fazem escola na vida da maioria de nós. No máximo serve para darmos largas à alegria, nestas alturas de euforia colectiva, e até esquecemos os políticos mentirosos, que usam magia para parecerem seres de outro mundo, e nós sabendo que eles aprendem quase todos nos mesmos manuais.
A última capa do jornal Folha Nacional, órgão oficial do partido Chega, é falsa; foi alterada para revoltar ainda mais quem é contra os emigrantes e quer transmitir a ideia de que todos eles vivem à conta do Estado. É um ataque à democracia de um partido político que tem meia centena de deputados na Assembleia da República. É crime manipular fotos de capa de um jornal, que é órgão oficial de um partido, para passar uma mensagem que é literalmente falsa. Não tenho mais palavras para condenar este tipo de esperteza dos dirigentes do Chega. E não falo nem escrevo mais sobre o Natal, a não ser para dar conta de uma frase que, há muitos e muitos anos, li por baixo do desenho de um presépio num mural de uma cidade onde gostava de viver: "este ano não comas o teu presépio", num apelo que para mim faz cada vez mais sentido, e na altura só me comoveu pela beleza do desenho e pelo apelo original que, agora, já é possível encontrar na net com a ajuda da inteligência artificial. JAE.


