Opinião | 15-12-2025 08:36

A festa dos toiros em Portugal, uma notória mediocridade, uma preocupante confusão

Eugénio Eiroa Franco
Eugénio Eiroa Franco

A Festa em Portugal evoluiu para uma tremenda mediocridade, uma confusão estridente, onde pouco se respeita… As exigências de alguns cavaleiros junto dos empresários de certas praças, fazem temer que um dia, dos poucos promotores taurinos verdadeiros que ainda existem, metade mande tudo à fava e diga aos cavaleiros ou aos ganadeiros (que em muitos casos duplicaram os preços): façam vocês as vossas próprias corridas… desenrasquem-se sozinhos.

A Festa, em Portugal, evoluiu nos últimos anos para situações, no mínimo, estranhas…
Um forcado qualquer – por exemplo – retira-se de pegar toiros na arena, mas aparece de repente com uma praça portátil às costas a montar corridas de Páscoa à sexta-feira…
Um grupo de amigos que se dizem taurinos constitui-se em associação sem fins lucrativos e… transforma-se de um dia para o outro no concessionário ou explorador da praça de toiros da sua cidade ou vila e… ainda por cima, como bónus, a associação de empresários taurinos – disparando sobre os próprios pés – abre-lhe as portas a esse estranho “ente” como se fosse mais um empresário taurino igual aos outros… sem perceber que, no fundo, estão a dinamitar as empresas (os empresários) taurinas propriamente ditas…
Outro forcado deixa de agarrar o rabo ao toiro e converte-se de um dia para o outro em apoderado do toureiro que por ali passava à porta. Ou o caso de um cabo de um grupo de forcados que, como quem não quer a coisa, passa a ser ao mesmo tempo apoderado de um cavaleiro e mandachuva do grupo de forcados, cuja chefia abandonará… mas não agora, mais tarde, quando lhe convier…
E assim, uma série de situações que nos últimos cinco ou seis anos se vêm repetindo… Entram no meio taurino luso, a toda a hora, “paraquedistas” ousados… é um acumular constante. Já tudo vale, já tudo é igual, já tudo é muitas vezes uma grande confusão…
O facto de empresários taurinos (das praças) exercerem ao mesmo tempo funções de apoderados já fica como coisa antiga no meio destas outras situações; e até soa a autodefesa por parte dos verdadeiros – e cada vez menos – empresários-empresários que ainda restam…
A Festa em Portugal evoluiu para uma tremenda mediocridade, uma confusão estridente, onde pouco se respeita… As exigências de alguns cavaleiros junto dos empresários de certas praças, fazem temer que um dia, dos poucos promotores taurinos verdadeiros que ainda existem, metade mande tudo à fava e diga aos cavaleiros ou aos ganadeiros (que em muitos casos duplicaram os preços): façam vocês as vossas próprias corridas… desenrasquem-se sozinhos, que eu já não tenho paciência para aguentar mais…
Algum apoderado, hoje, quando não consegue “extrair petróleo” sob a forma de contratos para o seu representado, ameaça montar ele próprio uma praça portátil na vila ao lado, para ali pôr o seu toureiro a lidar e fazer a vida negra ao empresário que não colocou o seu cavaleiro nos cartazes da terra vizinha…
As associações taurinas funcionam apenas no papel… normalmente a olhar para o lado. Melhor é nem entrar em pormenores, uma a uma, porque seria constatar mais do mesmo neste totum revolutum (ou como se diga).
Há muitas mais situações negativas que completam e definem este mau estado de coisas em que a Tauromaquia portuguesa se encontra neste momento. Reconduzir tudo isto a um plano de sensatez e de bom senso, ainda por cima tendo em conta o actual momento de crise, não parece possível à primeira vista. Continuar por estes caminhos, como os aqui descritos neste simples apontamento, é caminhar cada vez mais para o abismo…
A Festa dos Toiros, se um dia acabar, acabará porque os próprios “agentes” taurinos assim o quiseram… E alguns – embora o disfarcem – parece que até o desejam. Que cambada!

P. S. – Já passaram três anos desde este texto que aqui reproduzimos e… tudo está igual ou pior, se quisermos ser rigorosos. Isso sim, festas de entrega de troféus, prémios e não sei que mais… por todo o lado. Como se houvesse algo a celebrar, quando a Festa dos Toiros está cada vez mais próxima do fim. Que desastre!

Nota da Redacção: texto da última edição da revista digital "Tribuna da Tauromaquia", fundada e dirigida pelo autor do texto

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