Opinião | 15-07-2022 11:21

<strong>A culpa é do eucalipto</strong>

Santana-Maia Leonardo

ALENTEJANO – Bicho sem raça definida e em vias de extinção que vive na charneca alentejana e que resiste a qualquer tipo de aculturação por Lisboa. Trata-se do único bicho cuja extinção é defendida e desejada até pelo PAN.

Quando os fogos voltam a obrigar as televisões e os comentadores do regime a olhar para o que resta de Portugal, podemos constatar que está tudo pior do que estava quando ocorreram os últimos grandes incêndios.

Os sucessivos governos têm usado os fundos comunitários e as bazucas para transformar Lisboa num descomunal eucalipto que desertifica todo o território nacional e suga todos os nossos recursos: centros de decisão, massa crítica, mão de obra, escolas, hospitais, tribunais, serviços públicos, etc. etc.

O número cada vez mais reduzido de residentes no interior do país é maioritariamente formado por reformados, vivendo a maioria da população activa dependente quase exclusivamente das autarquias. E a maioria das populações do Alentejo e do interior Centro e Norte vivem não só longe de hospitais, tribunais e serviços públicos como não têm sequer transportes públicos para aí se deslocar ou para o trabalho. Se não têm carta de condução ou ficam sem ela, só lhes resta uma alternativa: conduzir sem carta.

Neste momento, a única população que resiste a partir para Lisboa é o mato que as chamas se encarregam de limpar periodicamente.

Esta revoltante e desumana desigualdade que os nossos governantes edificaram com os fundos de coesão já deu origem a novas palavras que já fazem parte do léxico da democracia portuguesa, que passo a citar:

ALFACINHA – Português de primeira classe que reside na área metropolitana de Lisboa, a região sul de Portugal.

TRIPEIRO – Português de segunda classe que reside na área metropolitana do Porto, a região norte de Portugal.

PORTUGA – Português de terceira classe que reside na região centro (a região entre as duas áreas metropolitanas) ou no estrangeiro.

MATARRUANO – Indivíduo que persiste em residir no território situado a leste de Portugal e que foi destinado pelo Governo português para a exploração e incremento da indústria do fogo.

ALENTEJO – Terreno baldio a sul do Tejo onde os alfacinhas vão passear o cão aos fins-de- semana e nas férias.

PALHAÇO – Indivíduo que reside no Alentejo e que está convencido de que é cidadão português.

ALENTEJANO – Bicho sem raça definida e em vias de extinção que vive na charneca alentejana e que resiste a qualquer tipo de aculturação por Lisboa. Trata-se do único bicho cuja extinção é defendida e desejada até pelo PAN.

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