Opinião | 22-04-2022 17:59

Formação Profissional – condicionalismos de relevo

José de Frias Gomes

A informação, o conhecimento e o saber, adquiridos das mais diversas formas e em diferentes situações, a par de ambições e motivações de cada um, dão corpo aos respetivos repositórios de competências.

As políticas de formação são um dos mais evidentes exemplos de contributo à melhoria de condições de vida dos cidadãos, com real impacto na criação de riqueza, substantivada na produção de mais e melhores bens e serviços, com procura social, num quadro de sustentabilidade. Bens e serviços de qualidade, produzidos por pequenas, médias e grandes empresas, a par de serviços de elevada qualidade disponibilizados por parte da própria Administração Pública gerando ganhos sociais e económicos relevantes.
Todavia, tal conjunto de objetivos assenta num melhor nível de competências dos cidadãos. A informação, o conhecimento e o saber, adquiridos das mais diversas formas e em diferentes situações, a par de ambições e motivações de cada um, dão corpo aos respetivos repositórios de competências. Estas materializam-se no que se consegue fazer, sabendo porquê, como e quando fazer, executando operações e atividades com resultados de qualidade e executados em tempo útil, para tanto agenciando previamente os meios necessários.
Ora é aqui que a formação profissional pode ajudar e muito, constituindo-se na forma de os indivíduos responderem a novos desafios dentro das respetivas áreas profissionais, formação contínua, ou aprenderem para o desempenho em novas áreas profissionais, formação de qualificação.
Porém em qualquer dos casos, os processo e procedimentos de formação deverão ter sempre presente os ritmos de aprendizagem de cada um, a designada individualização do processo de aprendizagem. Tal processo de individualização, assenta na aquisição de competências, passíveis de evidenciação, possibilitando os chamados “ganhos motivacionais”, aspeto fundamental, também, na autorregulação das aprendizagens.
Este processo de aquisição de competências por parte dos indivíduos, sinaliza desde logo, um primeiro condicionalismo a ter em conta, a importância das (i) metodologias formativas utilizadas. Aqui relevam –se de particular interesse as metodologias que favorecem a reflexão e a integração de saberes e competências, promovendo o saber relacionar-se, tais como, por via da (1) execução de projetos, ou pela (2) análise e estudo de casos.
Acresce, neste domínio, que o período pandémico veio trazer uma aceleração na massificação de utilização de plataformas tecnológicas para distribuição da formação, a designada formação a distância.
Todavia, afigura-se necessário usar de alguma ponderação na utilização destas ferramentas tecnológicas de apoio à formação, aquando da estruturação dos percursos formativos.
Com efeito, em grupos com elevado nível de maturidade individual e profissional, evidenciada em relevante motivação intrínseca e níveis de abstração, sobretudo em processos de formação contínua ou de especialização, poderá ser de interesse o recurso mais alargado a processos de formação a distância.
Quanto aos restantes grupos, e em particular no que refere a formação de jovens, o recurso a formação tecnologicamente mediada, deverá ser mais limitada, observando apenas uma dimensão de familiarização, tendo em vista interações futuras. Nestes grupos de formandos/aprendentes mais jovens, pela importância que os aspetos relacionais e de transmissão de valores assumem, deve prevalecer ao longo do processo de aprendizagem, a formação presencial.
Porém, e não menos importante que os aspetos associados ao tipo de metodologias empregues, mas intimamente associada, é a dimensão dos grupos de trabalho, as designadas turmas, pois deverá ser favorecida uma maior proximidade entre formandos/aprendentes e formadores, tutores e animadores, designadamente através da constituição grupos de trabalho de menor dimensão, favorecendo a implementação dos métodos de trabalho.
Este pensamento assenta na aproximação virtuosa, mais humanizada, do indivíduo aos saberes, pensar, executar e interagir, num quadro de respeito pelos outros, pelo que se torna mais exigente em termos de proximidade entre os mediadores desse saber, o(s) formador(es) e o(s) formando(s)/aprendente(s).
Formar, tal como educar, trata de processos fundados na confiança e por isso, baseiam-se na proximidade entre os seus agentes ou atores.

José de Frias Gomes

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