Protervo Serafim das Neves
O aparecimento, em alguns super-mercados, de sopa da pedra enlatada, por muito que o presidente da câmara de Almeirim esbraceje e proteste, corresponde a uma tendência nacional que está em linha com o ditado: “quem não tem dinheiro para comer galinha, tem que se contentar com a canja”.
Os políticos, tanto os da posição como os da oposição, em vez de aumentos de salários e de reformas, prometem com júbilo vales alimentares que, segundo explicam, vão abranger quase cinco milhões de pessoas que não ganham p’rá bucha.
E assim, graças a essa magnânima política de rendimentos, aquela metade da população, embora continue a não ter dinheiro para ir a restaurantes, sempre pode comprar uma latinha de sopa da pedra e deliciar-se com aquela iguaria, com a vantagem de não ter que estar horas em filas à espera de mesa. Quem diz que a indústria de enlatados não está atenta à política nacional não sabe do que fala!
Este ano o Festival Bons Sons, que é organizado em Cem Soldos, aldeia do concelho de Tomar, surgiu com o mote “habitar a rua”. É a irreverência e o espírito contra-corrente da organização a manifestar-se, numa altura em que os políticos falam em retirar os sem-abrigo da rua. E esta é uma boa altura para habitar para a rua. Como cantava um grupo dos anos 70, chamado Banda do Casaco: Estamos no Verão/uma perna tapa a outra.
No mês passado, poucos dias depois de tomar posse, o novo ministro da saúde francês, François Braun, que foi chefe da urgência do Hospital Metz-Thionville, teve uma tirada que me espantou. Disse ele: “Todo o nosso sistema de saúde está no limite”. E acrescentou que, por aqueles lados, faltam médicos, enfermeiros, auxiliares, etc, etc…E o pior é que chegam declarações do mesmo género do Reino Unido e de outros países do género…superior, digamos assim.
Infelizmente é sempre assim. Logo agora que éramos os melhores do mundo, como costuma dizer o presidente Marcelo, a gerar o caos nas as urgências e no Serviço Nacional Saúde, pimba! Vêm logo uns invejosos tirar-nos o lugar. E o pior é que a seguir à saúde, vão aparecer outros a roubarem-nos o pódio nos maiores incêndios, nos impostos mais altos, na seca mais seca, nos combustíveis mais caros ou nas vagas de calor mais quentes. Cambada de invejosos!
A Ministra da Agricultura continua em forma e a fazer o seu caminho político de forma segura. Aqui há dias, quando a confrontaram com críticas da CAP, respondeu que era melhor perguntarem ao presidente daquela agremiação, porque tinha dito aos eleitores para não votarem no PS. Uma frase que é uma espécie de sequela do famoso “Quem se mete com o PS, leva!” do seu camarada de partido, Augusto Santos Silva.
E se ele chegou a presidente da Assembleia a Republica e se prepara para ser candidato a Presidente da República, quem nos diz que Maria do Céu Antunes, que voou da horta dos pais, em Casais Revelhos, para o Ministério da Agricultura, não poderá, um dia, voar também…para Belém?
Um abraço desempoeirado
Manuel Serra d’Aire