Opinião | 26-05-2022 06:59

The Economist e Financial Times andam a gritar pelo socialismo

JAE

Ousemos pensar, ler, criticar e escrever, num tempo em que não há treino possível para prepararmos os nossos filhos para o futuro.

No último fim-de-semana fui fazer uma caminhada que julgava de oito quilómetros. No final soube que tinha andado mais do dobro. Andei metade do tempo a subir e a descer arribas e, no final, regressei ao ponto de partida pelo vasto areal de uma praia em hora de maré baixa. Pelo caminho fiz algumas fotos e abri o sítio de O MIRANTE para saber as últimas notícias. Enquanto aprendia a dar nome a plantas que me habituei a ver na paisagem percebi o que vale andar e viver informado. Embora desligado do mundo, aproveitei o tempo em que me isolei do grupo para actualizar a agenda, apagando mais de metade dos assuntos, alguns cumpridos outros adiados para a eternidade.

Há quem defenda que o planeta Terra está numa fase adiantada da sexta extinção em massa. Durante o século XX foram extintos cerca de 600 animais vertebrados terrestres e de 1970 até hoje as populações de espécies de vertebrados diminuíram em média 68%. O maior evento de extinção ocorreu há cerca de 250 milhões de anos e dizimou 96% da vida marinha e 70% da terrestre. O último terá sido o da extinção dos dinossauros e ter-se-á devido a uma actividade vulcânica sem precedentes que dizimou mais de 80% das espécies.
Enquanto escrevo sobre dados históricos que estão nos motores de busca da internet, revejo de uma pasta do meu telemóvel os apontamentos que ainda sobrevivem do que fui ouvir da boca de alguns pensadores da actualidade, entre os quais se encontrava a cientista Maria do Carmo Fonseca, a professora Maria Inácia Rezola e o agora ministro da Economia António Costa e Silva. O pretexto foi o lançamento de um livro de Eduardo Paz Ferreira.
“Não há treino possível para prepararmos os nossos filhos para o futuro. O que temos pela frente é muito difícil de imaginar. O que vai mudar as nossas vidas é a tecnologia, não é a ciência. Quanto mais o tempo passa mais aumenta o cinismo. O The Economist e o Financial Times, só para citar dois jornais de grande opinião, lidos em todo o mundo, andam a gritar pelo socialismo. É importante resgatar o discurso de outros tempos; Hoje, quem diz que tem colaboradores está a dizer que tem despedimentos pela frente a curto prazo. Há uma terraplanagem social em curso na maior parte dos países do mundo. A segurança da vida deve ser a grande preocupação da classe política. A saúde para todos é uma falácia. A Europa é uma grande organização, mas fica claro para todos que as políticas não resolvem os nossos problemas e muito menos as políticas económicas. 70% das pessoas em todo o mundo dizem que querem um mundo diferente daquele em que vivemos e defendem que as pessoas deveriam estar no centro das grandes decisões. Ousemos pensar, ler, criticar e escrever”.

O editor da secção de tecnologia do “El País” dá-me de borla um resumo do que escreveu e pesquisou sobre as actividades dos hackeres nestes últimos tempos e penso no que aconteceu a O MIRANTE: há cinco meses que não temos acesso aos nossos arquivos e trabalhamos em cima de um sítio provisório. Mesmo assim os números de leitores crescem todos os dias. É claro e evidente que os leitores querem notícias frescas e bem escritas; aparentemente o que foi notícia já não faz farinha.

Uma caminhada de 16 quilómetros, a preencher uma longa manhã de domingo, pode fazer mais pela saúde mental que umas férias grandes, desde que o corpo ainda responda às exigências do espírito. Não há matarruano que seja capaz de nos tirar do sério. JAE.

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