Opinião | 17-05-2022 17:59

Uma criança salva do Azul, o colinho das eternas crianças e a pasmaceira levada da breca

Uma criança salva do Azul, o colinho das eternas crianças e a pasmaceira levada da breca

Venturoso Serafim das Neves

Se ouvisses uma mãe dizer que queria chamar Rosa Azul à filha acabada de nascer ficavas preocupado ou não ficavas?! Mas tu és tu e não tens qualquer poder para fazer tal mãe mudar de ideias. Mas uma funcionária do registo civil tem esse poder. O chamado poder absoluto que é divinamente atribuído ao funcionalismo público em geral, embora, lamentavelmente, poucos o exerçam.
No caso da Rosa Azul, a funcionária que estava a fazer o registo na maternidade era das que não deixam os cidadãos fazerem asneiras e zás. Disse logo que Rosa, sim, mas que Azul, nem pensar. E perante a insistência da destrambelhada mãe, digamos assim, ligou para a chefa – em alta-voz, para que a requerente ouvisse – e esta confirmou a douta sentença.
É verdade que o nome Azul está na lista de nomes próprios femininos do Instituto dos Registos e Notariado. É o 12º da página 12, coluna da esquerda. Mas uma coisa é estar lá e a menina poder, legalmente, chamar-se Rosa Azul e outra é o bom senso e o apurado sentido estético, pelos quais os servidores do Estado também têm obrigação de zelar. E foi assim que a menina Rosa se livrou de ser Rosa Azul e que a mãe ficou a saber, como eu sei há muito tempo, quem manda em Portugal.
O dono de um bar de Torres Novas pediu à câmara municipal que dinamize a noite da cidade porque não está a fazer grande negócio. E aproveitou para revelar que também não vende tantas imperiais como sonhava vender porque os empresários andam a roubar clientes uns aos outros…menos ele, claro.
Quanto aos clientes talvez ele deva chamar a polícia ou fazer um seguro contra roubos, por exemplo. Em relação ao pedido de animação tenho a certeza que será atendido e que, em breve, será aprovado um cheque municipal bebida para dar a quem queira sair à noite e subsídios para os bares contratarem artistas ou organizarem iniciativas lúdicas. Se há dinheiro da tal bazuca europeia para tudo porque não para a animação nocturna.
É enternecedor verificar como muitos portugueses adoram aninhar-se no colinho do Estado, seja no das câmaras ou do Governo. Começaram em pequeninos por ter o colinho da mamã e mais tarde não prescindem do colinho do subsídio, da isenção, do proteccionismo. E há sempre quem lhes dê miminhos sem fim, principalmente aos que choram, porque, já se sabe, quem não chora não mama.
Não termino esta história sem te contar o que disse o presidente daquela mui nobre autarquia, Pedro Ferreira, sobre as desanimadas noites secas. Segundo ele a sorte do empresário queixoso era não ter optado por abrir o bar em Santarém, cidade que, explicou, é “uma pasmaceira levada da breca”.
Serafim, à medida que vou envelhecendo vou descobrindo que há quem leve muito a sério aquela teoria do regresso à infância. Aqui há dias, numa triagem para uma consulta, a enfermeira que me atendeu, falou-me como se costuma falar às crianças martelando as sílabas de cada palavra com medo que eu não percebesse bem e usando uma voz de Abelha Maia dos desenhos animados.
E tratou-me por Senhor Ma-nu-el…em vez de Senhor Serra d’Aire. Será que daqui a mais uns anitos me vai dar um carrinho para eu brincar enquanto me mede a tensão?!!
Um abraço pré-covid
Manuel Serra d’Aire

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1662
    01-05-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1662
    01-05-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo