Câmara da Chamusca compra imóvel a vereador socialista
O número quatro da lista de Paulo Queimado, Manuel Romão, vendeu um prédio à autarquia por 80 mil euros. O negócio está a suscitar polémica.
A Câmara da Chamusca adquiriu um imóvel, pelo valor de 80 mil euros, a um elemento que integrou a lista do PS à câmara nas últimas autárquicas e que assume pontualmente as funções de vereador em substituição de um dos colegas da maioria socialista que gere o município. Aliás, Manuel Francisco Romão, assim se chama o vendedor do prédio, esteve a substituir o camarada Rui Ferreira (que está de férias) na reunião de câmara de 18 de Junho, onde o assunto foi votado.
Como era parte interessada no negócio, Manuel Romão não interveio nem participou na votação, mas nem por isso o assunto deixou de suscitar polémica por parte dos dois vereadores da oposição, que votaram contra, obrigando o presidente Paulo Queimado a utilizar o voto de qualidade para desfazer o empate a dois.
O edifício constituido por rés-do-chão e primeiro andar situa-se na Rua Direita de São Pedro (a artéria principal da vila) e está a necessitar de obras. Os vereadores da oposição consideraram esta compra desnecessária, tendo Paulo Queimado referido que a intenção é instalar ali o arquivo municipal, apesar de não haver um estudo prévio onde conste que o espaço tem condições necessárias para o efeito.
Aliás, a ideia não agradou à oposição. O vereador Rui Rufino (PSD) disse mesmo que Paulo Queimado deveria já ter aprendido com erros do passado. “O edifício Salter Cid quando foi adquirido, por centenas de milhares de euros, também tinha esse objectivo. Viu-se, depois, que afinal não servia para ser arquivo municipal porque o chão é de madeira e não suporta o peso”, disse.
Rui Rufino referiu mesmo que Queimado “agora compra com dinheiros da câmara outro edifício, outra vez sem qualquer estudo prévio que suporte que este sirva para o pretendido”. Paulo Queimado não respondeu ao vereador e foi nessa altura que apresentou o seu voto de qualidade.
Também por parte da CDU a reacção foi de espanto. A vereadora Gisela Matias considera “uma vergonha” esta compra por envolver um vereador e sublinhou também, durante a reunião de câmara, que já são muitos os edifícios que a câmara tem sem uso. Sobre a ideia de transformar o imóvel em arquivo municipal, Gisela Matias sublinhou que “continuamos sem saber se o edifício é passível de ser adaptado para essa finalidade”.
Manuel Francisco Romão foi veterinário municipal durante muitos anos, tendo-se reformado recentemente. É filho de Manuel Romão, antigo presidente da Câmara da Chamusca.