BE candidata mulher de causas em Santarém para romper com conservadorismo

Fabíola Cardoso é deputada na Assembleia da República, professora e activista de várias causas.
Mulher de causas, Fabíola Cardoso é a candidata do Bloco de Esquerda à Câmara de Santarém nas eleições autárquicas deste ano, propondo-se romper com o conservadorismo e ajudar a construir “uma terra com futuro para tod@s”.
Deputada eleita pelo distrito de Santarém para a Assembleia da República, onde é vice-presidente da Comissão de Assuntos Europeus, e professora, na escola pública, como faz questão de frisar, Fabíola Cardoso, 48 anos, é licenciada em Ensino de Biologia e Geologia pela Universidade de Aveiro.
No seu currículo tem a fundação, em 1996, do Clube Safo, a primeira associação lésbica portuguesa, sediada em Santarém, tendo-se destacado pela sua intervenção nos movimentos cívicos LGBT, e é reconhecida pelo seu trabalho em temas ambientais, educacionais e sociais.
Pelo seu percurso, não é de estranhar que um dos eixos da sua candidatura seja o “combate ao conservadorismo”.
“Há um conjunto de ideias bastante conservadoras na visão de sociedade dos outros partidos que queremos combater, porque achamos que as mulheres, as pessoas da comunidade LGBT, os migrantes precisam de respostas em Santarém que não têm conseguido. Santarém precisa destas pessoas para encontrar o caminho rumo ao século XXI”, disse a candidata à Lusa.
Fabíola Cardoso é ainda muito crítica em relação à estratégia de crescimento económico para o concelho, à qual aponta “muitas fragilidades”, nomeadamente por prejudicar “partes vulneráveis da população” e não ser sustentável nem a nível ambiental nem a nível social.
“Por isso, Santarém continua a perder população e continua a haver um grande número de empregos precários, sujeitos à exploração e nem precisamos falar do que tem vindo nos jornais relativamente à situação lamentável dos migrantes que fazem com que Santarém também seja uma Odemira”, disse.
“Santarém é uma terra que tem ficado para trás, que está a perder o comboio do desenvolvimento e a desperdiçar não só os recursos naturais, mas também muitas pessoas. O nosso objectivo é contribuir para que Santarém se torne uma terra com futuro e que esse futuro seja para tod@s”, acrescentou.
Natural de Angola, Fabíola Cardoso cresceu na Beira Baixa e foi a colocação como professora que a levou, há mais de 20 anos, para Santarém, cidade onde nasceram os seus dois filhos e onde quer continuar a fazer a sua vida.
Para o seu número dois na lista, o actual deputado municipal bloquista Vítor Franco, Fabíola é uma mulher “de coragem, de garra e muita lucidez”.
“Porque tem todo um trajecto de vida de luta por causas muito difíceis, contra a discriminação, pelo direito à felicidade, à igualdade, à fraternidade, revelando muita clarividência e resiliência. [Isso] torna-a uma pessoa muito afirmativa, muito combativa e, ao mesmo tempo, muito humana”, salientou.
Numa cidade que nasceu junto à margem do Tejo, “a bandeira do ambiente" é também, para a candidata, essencial: “É completamente incompreensível que uma capital de distrito tenha ao abandono toda a zona ribeirinha, da Ribeira às Caneiras, passando por Alfange. Temos ali um potencial ambiental, educativo, desportivo, científico e até turístico que importa ser desenvolvido. Santarém tem de deixar de estar de costas viradas para o rio”.
No programa que está a ser construído “de forma participada, aberta aos contributos e sugestões concretas das pessoas”, a questão da mobilidade não é esquecida, tanto na cidade (pedonal e bicicleta), como criando uma rede de transportes que chegue a todo o concelho, com ligação à ferrovia nos movimentos pendulares para a Área Metropolitana de Lisboa.
Outro eixo importante para a candidata é travar a privatização de serviços que considera essencial manter na esfera pública, como é o caso do mercado municipal, cuja gestão a atual liderança social-democrata quer concessionar, ou do programa Santarém Cultura.
O PSD, encabeçado por Ricardo Gonçalves, obteve 43,2% dos votos nas autárquicas de 2017, elegendo cinco dos nove elementos do executivo, e o PS (34,1%) ocupou os restantes lugares. A CDU teve 7,6% dos votos, o CDS 5,4% e o BE 4,1%, num concelho que em 2017 tinha 51.718 eleitores inscritos.