Política | 16-09-2021 18:00

Socialistas de Constância abstêm-se em voto de pesar por Jorge Sampaio

Socialistas de Constância abstêm-se em voto de pesar por Jorge Sampaio
Assembleia Municipal de Constância guardou um minuto de silêncio em memória de Jorge Sampaio.

Bancada do PS na assembleia municipal não gostou de parte do texto proposto pela CDU, que só viria a ser aprovado pelos comunistas e independentes.

A Assembleia Municipal de Constância aprovou um voto de pesar pelo falecimento de Jorge Sampaio, que foi Presidente da República de 1996 a 2006 e também líder do Partido Socialista. Curiosamente, a proposta partiu da bancada da CDU, que votou a favor tal como o eleito do MIC, tendo a maioria PS optado pela abstenção porque não gostou de um parágrafo do texto produzido pelos comunistas.

Em causa está a seguinte redacção, que remete para momentos distantes da nossa democracia e à cumplicidade então existente entre Sampaio e os comunistas: “A sua relação (de Jorge Sampaio) com o PCP durante a campanha eleitoral para a Presidência da República em 1986, em que a direita mais retrógrada, herdeira do regime fascista, se escondia atrás da candidatura de Freitas do Amaral levou a uma relação de forte confiança que se traduziu no acordo posterior para governação da Câmara Municipal de Lisboa”.

Outra singularidade é que foi o presidente da câmara, Sérgio Oliveira (PS), quem fez as despesas pelo lado dos socialistas na contestação a essa parte do texto, quando não devia intervir num tema que competia apenas à assembleia municipal - órgão autárquico autónomo - avaliar, debater e votar. E, ainda para mais, o jovem autarca demonstrou uma deficiente interpretação do que foi escrito na proposta da CDU.

Sérgio Oliveira disse não entender “a referência a Freitas do Amaral como um fascista”, considerando “um exagero dizer isso neste voto de pesar”. Embora não seja isso que está escrito, o autarca socialista prosseguiu dizendo que “o Dr. Freitas do Amaral tinha as suas convicções de direita, mas não foi nenhum fascista e acho que isso é forte demais”, lembrando o papel que o ex-ministro e líder do CDS teve a seguir ao 25 de Abril.

Uma intervenção que o líder da bancada da CDU, Rui Ferreira, classificou como “estranha e desadequada”. E explicou dizendo que o texto não apelida Freitas do Amaral de fascista mas sim a direita mais retrógrada, concluindo com ironia, dirigindo-se ao presidente da câmara: “Se calhar o senhor era muito jovem e não se lembra destas coisas”.

O texto da CDU descreve ainda Jorge Sampaio como um “homem de convicções, de rigor, de compromisso e lealdade aos acordos firmados” que “deixa o exemplo daquilo que pode e deve ser a gestão do bem público e das relações entre as diversas formas de pensamento”.

Jorge Sampaio morreu no dia 10 de Setembro em Lisboa, com 81 anos de idade.

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