<strong>Comunistas abandonam sessão solene do 25 de Abril em Vila Franca de Xira</strong>
A palavra “vergonha” gritou-se várias vezes em Vila Franca de Xira quando os eleitos da CDU na assembleia municipal e uma das suas vereadoras, a única que esteve presente, abandonaram a sessão solene do 25 de Abril para se juntar a uma arruada da URAP.
Os eleitos comunistas da CDU na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira abandonaram a sessão solene do 25 de Abril promovida por aquele órgão para se juntarem a uma arruada popular promovida pela União de Resistentes Anti-Fascistas Portugueses (URAP) e a situação não caiu bem entre os presentes com as diversas forças políticas a condenar a situação.
O sinal do que estava para vir foi anunciado quando apenas a vereadora da CDU Joana Bonita ocupou o seu lugar na mesa dos vereadores, ficando os outros dois lugares vazios. A presidente da assembleia, Sandra Marcelino, ainda fez um compasso de espera para aguardar a chegada dos restantes vereadores mas sem sucesso.
Faltava ouvir a intervenção da bancada do PS e do presidente da câmara quando a CDU foi chamada a intervir e o caldo se entornou. Jorge Carvalho, líder da bancada comunista – e que foi o candidato a presidente da assembleia pela CDU nas últimas eleições – anunciou que o grupo se iria ausentar para comparecer no desfile da URAP. “Pedimos as nossas desculpas sem desrespeito pela intervenção dos seguintes intervenientes. É na rua que achamos que devemos estar. É uma celebração na rua com as populações e o movimento associativo popular”, anunciou, enquanto se ouviam gritos de “vergonha” e “vocês não prestam” entre quem estava presente. “Para o ano não os deixem falar, que vergonha”, ouviu-se.
A presidente da assembleia condenou a posição dos autarcas comunistas e lembrou que a sessão solene, a mais marcante e importante realizada no concelho para evocar o 25 de Abril, estava a ter lugar na rua, frente à Fábrica das Palavras e aberta a toda a comunidade. “Obrigado e bom 25 de Abril para vocês, vou esperar que saiam para dar continuidade aos trabalhos”, lamentou. Os gritos de vergonha e alguns assobios continuaram.
Momentos depois, quando usou da palavra, Fernando Paulo Ferreira lamentou o sucedido lembrando a posição tomada pelo Partido Comunista Português aquando do discurso do presidente da Ucrânia no Parlamento, onde essa bancada se ausentou. “São leituras próprias da sua ideologia e posição face ao presente. São intervenções escritas para este momento, todas legítimas e livres porque estamos em democracia. O Parlamento reuniu há poucos dias para falar de liberdade e não estavam todos os deputados. E hoje que estamos aqui a falar de liberdade e democracia infelizmente também não estão aqui todos os eleitos da assembleia municipal”, condenou, perante o aplauso unânime de todas as bancadas.
* Notícia desenvolvida na edição semanal de O MIRANTE