Oposição chumba construção de 120 apartamentos de habitação social no Entroncamento
A Câmara do Entroncamento tinha financiamento garantido superior a oito milhões de euros para construir mais habitação municipal no concelho, mas a gestão socialista, que tem maioria relativa no executivo, não conseguiu fazer passar a proposta. PSD diz que é contra mais guetos na cidade.
Os vereadores da oposição chumbaram, em sessão camarária, a proposta apresentada pelo Partido Socialista, que gere a Câmara do Entroncamento, para construção de 120 apartamentos de habitação social e a custos controlados para realojamento das 86 famílias do Bairro Frederico Ulrich. O eleito do PSD, Rui Gonçalves, alegou que os vereadores do seu partido não são contra a habitação social mas sim contra a construção de habituação social “nestes moldes, na perpetuação da construção de guetos que em nada beneficiam as pessoas que dela tiram partido, nem a restante população do Entroncamento”, sublinhou.
O vereador Luís Forinho, eleito pelo Chega mas que se desvinculou do partido, criticou o preço do metro quadrados das habitações referindo que o orçamento da construção é muito elevado e a qualidade dos materiais não será a melhor. “Há pessoas que estão emigradas na Suíça e têm os imóveis para passarem cá férias. Temos cidadãos que vivem naqueles apartamentos pagos pelo erário público e que se gabam que já vão no segundo carro novo. Se olharmos para quem reside nas casas de habitação social, muitas têm carros topo de gama à porta e aproveitam as brechas do sistema para tirarem daí uma mais-valia”, criticou Luís Forinho.
O presidente da Câmara do Entroncamento, Jorge Faria, contrariou Luís Forinho realçando que este tem que ser mais rigoroso e mais responsável nas suas críticas. “Em relação à qualidade dos materiais estão a ser cumpridas todas as regras comunitárias nesta matéria. Uma das exigências é que os apartamentos tenham condições de isolamento térmico e acústico de primeiro nível”, sublinhou.
Jorge Faria criticou a postura da oposição e disse que o financiamento a 100%, num investimento de cerca de oito milhões de euros, estava praticamente assegurado. O presidente do município informou que foi feita uma candidatura através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “O Entroncamento é dos poucos municípios, fora dos grandes centros urbanos, que está a conseguir realizar este objectivo. Esta vossa decisão vai levar a que a autarquia deixe de poder beneficiar de um investimento de oito milhões e 285 mil euros”, lamentou, acrescentando ter sido preferível terem chumbado a proposta em Novembro do ano passado porque assim evitava ter-se gastado umas largas dezenas de milhares de euros na realização dos estudos e projectos de especialidade”, criticou.
Esta seria a primeira fase de um projecto que pretende realojar no total cerca de 120 famílias na cidade do Entroncamento: 86 realojadas provenientes do Bairro Frederico Ulrich e 34 que fizeram pedidos de habitação social. As casas no Bairro Frederico Ulrich, após ficarem vazias, seriam demolidas.