Política | 25-04-2023 18:00

Troca de acusações na Câmara de Torres Novas por uso indevido de carros da autarquia

Troca de acusações na Câmara de Torres Novas por uso indevido de carros da autarquia
Pedro Ferreira, presidente do município e Vereador António Rodrigues

António Rodrigues, vereador independente que já foi presidente do município de Torres Novas pelo PS, acusa a actual liderança socialista de “facilitismo” no uso das viaturas municipais para fins particulares.

Pedro Ferreira, presidente do município, diz que no tempo da presidência de Rodrigues havia quem levasse diariamente o carro da câmara para Lisboa.

A tensão na última reunião do executivo da Câmara de Torres Novas subiu de tom quando o presidente do município, Pedro Ferreira (PS), e o vereador do movimento independente P’la Nossa Terra, António Rodrigues, trocaram acusações sobre a alegada utilização indevida de carros daquela autarquia.
O tema foi levantado por António Rodrigues que acusa o município liderado pelo socialista Pedro Ferreira de “facilitismo” na utilização indevida de veículos afectos à frota municipal, nomeadamente por parte de dois vereadores com pelouros, João Trindade e Elvira Sequeira, ambos eleitos pelo Partido Socialista (PS). O primeiro, recorde-se, tem estado debaixo de fogo por ter sofrido, em Dezembro de 2022, um acidente ao volante de um carro do município que acabou na sucata, num dia e hora que deixam dúvidas sobre se estaria ao serviço da autarquia no momento em que embateu contra uma árvore numa estrada do concelho, ou se teria utilizado o carro para fins pessoais. Sobre a vereadora Elvira Sequeira, o vereador independente alega que esta se serve do veículo do município para transportar o seu neto.
Para responder, o presidente do município recuou aos tempos em que António Rodrigues era presidente da Câmara de Torres Novas, eleito pelo Partido Socialista, afirmando: “Enquanto eras presidente a utilização dos carros também tinha uma questão de controlo complicada porque havia dois vereadores, um que levava todos os dias o carro para o Cartaxo e outro para Lisboa”.
António Rodrigues considerou a resposta de Pedro Ferreira de “uma deselegância tremenda” porque se referia a pessoas que não estavam presentes para se defender, alegando que, naquela altura, utilizavam o carro para se deslocarem do trabalho para casa e que por lei tinham esse direito. “Sim iam e têm esse direito, mas não iam buscar o neto à escola, não iam para jantares do Partido Socialista. Vocês é que têm que ter o cuidado”, disse, demarcando-se de qualquer conivência com a utilização de veículos para fins particulares, o que, lembrou, é crime.
As críticas de António Rodrigues deram origem a mais um pedido de intervenção, o do vereador João Trindade que referiu que o que quer é trabalhar e garantiu que não foi para o jantar do PS de carro. Já anteriormente João Trindade tinha dito a O MIRANTE que não tinha utilizado o carro da câmara para fins particulares, considerando que as acusações não passam de “aproveitamento político”. Na última reunião de câmara também a vereadora Elvira Sequeira tentou entrar na discussão para responder às acusações, dizendo ser uma pessoa responsável, mas o presidente do município acabou por dar a conversa por terminada.

Uso de viaturas públicas para fins particulares é crime de peculato

A utilização de veículos pertencentes à frota de uma autarquia para fins particulares constitui crime de peculato, que consiste num abuso de confiança para proveito próprio ou alheio por um funcionário público. Descrito no Decreto-Lei n.º 48/95, o crime é punido com pena de prisão de um a oito anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal. Na história da política portuguesa vários autarcas e funcionários públicos foram já condenados a pena de prisão pela prática deste crime.

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