Política | 08-05-2023 21:00

Discursos com alertas sobre populismo e corrupção na festa do 25 de Abril em Torres Novas

Discursos com alertas sobre populismo e corrupção na festa do 25 de Abril em Torres Novas
Sessão solene do 25 de Abril em Torres Novas teve discursos de todos os partidos com assento na assembleia municipal. Foto CM TN

Na sessão solene para assinalar o aniversário da Revolução dos Cravos os perigos do populismo, a corrupção e as desigualdades foram o principal foco dos discursos dos eleitos locais.

As comemorações do 49º aniversário do 25 de Abril na sessão solene em Torres Novas, que decorreu na Praça dos Claras, ficaram marcadas por alertas sobre as ameaças emergentes à liberdade e à democracia. Também não foram esquecidas nos discursos as preocupações com a corrupção, a guerra, a luta dos professores, a subida do custo de vida e, em particular, com o concelho.
O presidente da Assembleia Municipal de Torres Novas, José Trincão Marques, construiu o seu discurso em torno da corrupção e abusos de poder em vários órgãos do Estado e autarquias locais. “A democracia é a melhor arma para o combate à corrupção e abuso de poder”, defendeu, acrescentando que é necessário valorizar novas formas de separação de poder tais como a atribuição de “reais poderes às oposições, reconhecendo-lhes um estatuto importante” e a defesa de “uma imprensa e comunicação social livres, fortes, independentes do poder económico e político”.
O presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, que foi o último a discursar, começou por sublinhar que nunca será demais relembrar a Revolução dos Cravos pelos valores que representa “para uma sociedade que se deseja livre e solidária”. Como uma das grandes conquistas da luta de Abril destacou o poder local e a importância do acto eleitoral que de quatro em quatro anos dá a possibilidade ao povo de escolher “em quem quer confiar a gestão do território”.
Do lado do CDS, Nuno Cruz, lembrou Abril como a “afirmação da vontade de um povo”, alertando que “a liberdade necessita de alimento para que não se perca” e de vigilância, dando como exemplo a guerra na Ucrânia desencadeada por Putin que considera ser “a mais recente afronta à liberdade de um povo”.
Em representação da CDU discursou Cristina Tomé para dizer que o 25 de Abril “foi uma das maiores realizações da história” e destacou a afirmação do poder local democrático que considera estar “presentemente ameaçado pelo sub-financiamento, pela sua descaracterização por via da transferência de encargos, pela instrumentalização que o conduz, em parte, a um mero executor técnico das opções de terceiros”.
Maria do Céu Rodrigues, do Bloco de Esquerda, centrou o discurso na luta dos professores e na defesa de uma reforma na Educação. “O prazer de ensinar está cada vez mais afastado do horizonte dos professores (…) é dúbio o tempo excessivo que as crianças passam nas escolas”, afirmou a eleita que também é professora.
José Pereira Santos, do movimento P’la Nossa Terra, começou por prestar homenagem aos torrejanos que lutaram pela liberdade, antes de entrar na parte mais política da sua intervenção que se evidenciou pelas críticas ao Governo e à governação local. Sobre o primeiro considera que as medidas tomadas não estão a resultar mas a “levar as pessoas ao desespero” devido aos baixos rendimentos. Quanto ao município, considera-o “estagnado em termos de criação de novas empresas” que poderiam criar emprego e atrair jovens.
O eleito pelo PSD, Carlos Graça, lamentou que alguns vivam a data como sendo apenas mais um feriado e reforçou que é preciso ensinar aos jovens as diferenças entre ditadura e democracia para os afastar do populismo. As lutas partidárias, vincou, “desde que pautadas pelo respeito e tolerância devem ser consideradas essenciais” ao contrário dos “discursos de ódio, segregação social e socio-cultural”.

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