Câmara de Alpiarça aprova dissolução da AgroAlpiarça
Cooperativa apresentava, a 31 de Dezembro de 2022, um passivo de mais de 700 mil euros.
A Câmara de Alpiarça aprovou a dissolução da cooperativa AgroAlpiarça – Produção Agrícola, onde o município detém 99,87% da participação. A presidente da autarquia, a socialista Sónia Sanfona, explicou, em sessão camarária, que a AgroAlpiarça é obrigada a apresentar resultados anuais equilibrados. No entanto, apresentou resultados líquidos negativos em 2020, 2021 e 2022 sendo que a 31 de Dezembro de 2022 a AgroAlpiarça tinha um passivo de 724.675,30 euros dos quais deve 574.973,43 euros ao município.
A decisão foi aprovada por maioria com os votos contra da CDU. O assunto já tinha sido abordado na última sessão da Assembleia Municipal de Alpiarça, que decorreu no final de Junho, mas não havia decisões a tomar. Na altura, o eleito da bancada da CDU, João Pedro Osório, disse ser “inaceitável” que o PS esteja a “fazer tudo para acabar com a AgroAlpiarça. Devemos encontrar uma solução em vez de optar pela dissolução da cooperativa”, criticou João Osório.
Sónia Sanfona explicou ainda, na sessão camarária, realizada a 6 de Julho, que os trabalhadores da AgroAlpiarça que queiram ser integrados no município podem fazê-lo sem necessidade de concurso público. Quem não quiser ser integrado na autarquia tem direito a indemnização que é calculada pela lei. A presidente disse ainda que pretende marcar uma Assembleia Municipal Extraordinária para avançar com este processo. Caso não seja possível o ponto será levado para discussão e aprovação na assembleia ordinária de Setembro.
Em relação à vinha o município vai fazer à semelhança do ano passado e alienar as vinhas para que agricultores possam fazer vinho e a cooperativa ter rendimento. “Se fossemos nós a fazer a vindima teríamos que gastar dinheiro e a cooperativa não está em condições financeiras para gastar mais dinheiro”, reforçou.
A AgroAlpiarça comercializa vinhos brancos, tintos, rosés e licorosos regionais e azeite. Tem mais de 250 hectares de terra no concelho de Alpiarça, doados na sua maioria por José Relvas que, além de proclamar a independência da República portuguesa a 5 de Outubro de 1910, era um grande proprietário agrário. A AgroAlpiarça nasceu em 1988 na sequência do processo de liquidação da Reforma Agrária garantindo a exploração agrícola de diversos terrenos, a manutenção de postos de trabalho e a salvaguarda da produção local.