Política | 29-09-2023 08:00

Diogo Gomes diz que está a ser “vítima de julgamento sumário na praça pública”

Skate parque que custou 75 mil euros foi fechado poucos dias depois da inauguração
Skate parque que custou 75 mil euros foi fechado poucos dias depois da inauguração

Vereador da Câmara de Santarém que tem estado na berlinda devido à polémica em volta de um novo skate parque na cidade reconhece que ninguém se revê no projecto que custou ao município 75 mil euros.

O vereador da Câmara de Santarém Diogo Gomes (PSD) quebrou o silêncio sobre o polémico skate parque instalado no Campo Infante da Câmara, que custou 75 mil euros à autarquia e foi fechado poucos dias depois da inauguração, tendo sido questionado o preço face à qualidade dos equipamentos instalados bem como o procedimento para adjudicação da obra.

Na sessão da Assembleia Municipal de Santarém de 28 de Setembro, Diogo Gomes assumiu-se como autor da proposta; disse que a apresentou previamente ao presidente da câmara e a outros vereadores com pelouros; assumiu que o resultado não foi o pretendido; concordou com a decisão do presidente em abrir um inquérito interno para apuramento de responsabilidades; e afirmou estar a ser “vítima de um julgamento sumário na praça pública”. Concluiu a sua intervenção sublinhando que sempre pautou a sua actuação pela defesa do interesse público.

Referindo que tem estado em silêncio por se encontrar a decorrer um inquérito interno, Diogo Gomes reconheceu que “ninguém se revê no resultado final desta solução”, aludindo ao equipamento montado no Campo Infante da Câmara destinado à prática do skate. E afirmou-se como “um dos muitos interessados” em conhecer as conclusões do inquérito, que o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves, disse que deveria estar pronto até final do mês de Setembro.

Diogo Gomes recordou que a implementação do novo skate parque pretendia disponibilizar um espaço para a modalidade no planalto, pois alguns praticantes faziam do Largo do Seminário o seu local de eleição para as suas manobras. Uma situação que era objecto de queixas e críticas recorrentes por parte de comerciantes e transeuntes. “Daí ter aceitado o desafio de apresentar uma solução rápida e transitória”, justificou o vereador.

Antes, já vários eleitos municipais tinham colocado questões sobre o caso ao presidente da câmara, com Ricardo Gonçalves a não dar grandes informações, escudando-se no facto de se encontrar um inquérito em curso. Curiosa foi a intervenção do eleito do CDS, Pedro Melo, que de forma dissonante em relação à maioria, considerou que “estão a hiperbolizar um assunto que não merece dois minutos de conversa” e que se deve aguardar pelas conclusões do inquérito.

Preço e qualidade dos equipamentos levantaram dúvidas

Recorde-se que, em meados de Agosto, o presidente da Câmara de Santarém decidiu abrir um inquérito ao caso do parque de skate no Campo Infante da Câmara, no centro da cidade. O vereador Diogo Gomes foi apontado como o autor da proposta para a instalação do skate parque e na altura da abertura do inquérito surgiram rumores que apontavam para a suspensão do mandato do autarca. O que não se confirmou.

O novo skate parque foi inaugurada no dia 12 de Agosto e mandado encerrar poucos dias depois por razões de segurança. O investimento levantou dúvidas e críticas não só quanto à construção e equipamentos usados como em relação ao preço e ao facto de ter sido adjudicado através de consulta prévia por um valor de 74.998 euros, apenas 2 euros abaixo do valor limite que obrigaria à abertura de um concurso público.

O skate parque foi adjudicado a Artur Casaca, um empreendedor da cidade ligado ao skate e à organização de eventos. No portal dos contratos públicos não estão descriminadas as outras duas empresas consultadas, como estabelece a legislação. Alguns skaters da cidade foram a uma reunião de câmara afirmar que alertaram os autarcas para o facto de o projecto estar mal feito pelo que não devia avançar naqueles moldes.

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