Diogo Gomes diz que está a ser “vítima de julgamento sumário na praça pública”
Vereador da Câmara de Santarém que tem estado na berlinda devido à polémica em volta de um novo skate parque na cidade reconhece que ninguém se revê no projecto que custou ao município 75 mil euros.
O vereador da Câmara de Santarém Diogo Gomes (PSD) quebrou o silêncio sobre o polémico skate parque instalado no Campo Infante da Câmara, que custou 75 mil euros à autarquia e foi fechado poucos dias depois da inauguração, tendo sido questionado o preço face à qualidade dos equipamentos instalados bem como o procedimento para adjudicação da obra.
Na sessão da Assembleia Municipal de Santarém de 28 de Setembro, Diogo Gomes assumiu-se como autor da proposta; disse que a apresentou previamente ao presidente da câmara e a outros vereadores com pelouros; assumiu que o resultado não foi o pretendido; concordou com a decisão do presidente em abrir um inquérito interno para apuramento de responsabilidades; e afirmou estar a ser “vítima de um julgamento sumário na praça pública”. Concluiu a sua intervenção sublinhando que sempre pautou a sua actuação pela defesa do interesse público.
Referindo que tem estado em silêncio por se encontrar a decorrer um inquérito interno, Diogo Gomes reconheceu que “ninguém se revê no resultado final desta solução”, aludindo ao equipamento montado no Campo Infante da Câmara destinado à prática do skate. E afirmou-se como “um dos muitos interessados” em conhecer as conclusões do inquérito, que o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves, disse que deveria estar pronto até final do mês de Setembro.
Diogo Gomes recordou que a implementação do novo skate parque pretendia disponibilizar um espaço para a modalidade no planalto, pois alguns praticantes faziam do Largo do Seminário o seu local de eleição para as suas manobras. Uma situação que era objecto de queixas e críticas recorrentes por parte de comerciantes e transeuntes. “Daí ter aceitado o desafio de apresentar uma solução rápida e transitória”, justificou o vereador.
Antes, já vários eleitos municipais tinham colocado questões sobre o caso ao presidente da câmara, com Ricardo Gonçalves a não dar grandes informações, escudando-se no facto de se encontrar um inquérito em curso. Curiosa foi a intervenção do eleito do CDS, Pedro Melo, que de forma dissonante em relação à maioria, considerou que “estão a hiperbolizar um assunto que não merece dois minutos de conversa” e que se deve aguardar pelas conclusões do inquérito.
Preço e qualidade dos equipamentos levantaram dúvidas
Recorde-se que, em meados de Agosto, o presidente da Câmara de Santarém decidiu abrir um inquérito ao caso do parque de skate no Campo Infante da Câmara, no centro da cidade. O vereador Diogo Gomes foi apontado como o autor da proposta para a instalação do skate parque e na altura da abertura do inquérito surgiram rumores que apontavam para a suspensão do mandato do autarca. O que não se confirmou.
O novo skate parque foi inaugurada no dia 12 de Agosto e mandado encerrar poucos dias depois por razões de segurança. O investimento levantou dúvidas e críticas não só quanto à construção e equipamentos usados como em relação ao preço e ao facto de ter sido adjudicado através de consulta prévia por um valor de 74.998 euros, apenas 2 euros abaixo do valor limite que obrigaria à abertura de um concurso público.
O skate parque foi adjudicado a Artur Casaca, um empreendedor da cidade ligado ao skate e à organização de eventos. No portal dos contratos públicos não estão descriminadas as outras duas empresas consultadas, como estabelece a legislação. Alguns skaters da cidade foram a uma reunião de câmara afirmar que alertaram os autarcas para o facto de o projecto estar mal feito pelo que não devia avançar naqueles moldes.