Política | 17-12-2023 21:00

Utilização de insectos na alimentação animal diminui pegada ambiental

Seminário promovido pela Agenda Mobilizadora InsectEra apresentou novo eixo. Inclusão de derivados de insectos nos alimentos compostos para animais protege as empresas contra a escassez dos recursos e volatilidade dos preços, defendem promotores.

“Os insectos na alimentação animal: potencialidades da sua utilização e novas tecnologias de análise”, foi o mote para a realização do seminário online “A nova bioindústria: o futuro já começou”, promovido pela Agenda Mobilizadora InsectEra. A iniciativa focou-se principalmente no eixo InFeed, que pretende caracterizar as matérias-primas derivadas de insectos através de métodos clássicos e de novas metodologias e desenvolver novas fórmulas alimentares para animais de criação e companhia, acompanhando a investigação e fazendo a ligação entre os vários intervenientes do processo de modo a colocar no mercado alternativas para fazer face aos desafios emergentes.
Daniel Murta, da Agenda Mobilizadora InsecEra, abriu a sessão e apresentou o projecto e quais os seus principais objectivos, destacando a criação de mais de uma centena de postos de trabalho. Cristina Monteiro, gestora para a ciência do laboratório colaborativo FeedInov, falou das potencialidades e constrangimentos na utilização de matérias-primas derivadas de insectos na alimentação animal.
Uma das premissas deste projecto parte da noção de que a alimentação se constitui como o principal custo das explorações pecuárias, por exemplo. As principais matérias-primas são importadas de países de terceiro mundo, o que é uma limitação do ponto de vista da autossuficiência, representando um peso muito elevado na pegada ambiental dos alimentos para os animais. Por isso, a inclusão de derivados de insectos, alimentados com co-produtos da indústria alimentar, nos alimentos compostos para animais, irá proteger as empresas contra a escassez dos recursos e volatilidade dos preços, defendem os promotores, acrescentando que é necessário a reorganização da indústria.
O eixo InFeed, que tem como objectivo mínimo de criar oito linhas de produtos (rações) para alimentação animal, utiliza principalmente três espécies de insectos: a mosca soldado-negro, o tenébrio (besouro) e o grilo-doméstico.
Recorde-se que a Agenda Mobilizadora InsectEra visa possibilitar a comercialização de inovadores produtos com base em matérias-primas derivadas de insecto, tanto na área alimentar, como na de outras industrias (cosmética ou bioplásticos), ou no inovador sector da biorremediação. A Agenda abrange o fabrico e comercialização dos produtos no mercado, apoiando-se na produção tecnologicamente avançada. Visa fomentar a economia circular e alavancar o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços com valor acrescentado.

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