PSD de Azambuja diz que PS desvaloriza papel da Cerci no projecto Bata Branca
Sociais-democratas de Azambuja consideram “incompreensível” a postura do executivo PS para com a instituição que tornou possível a implementação do projecto que está a garantir médicos à população.
A comissão política concelhia do PSD de Azambuja, presidida por Rui Corça, que também é vereador no executivo, considera “incompreensível” que os socialistas que governam a Câmara de Azambuja “desvalorizem sistematicamente o papel da Cerci na concretização do projecto no dia-a-dia”.
“Sem esta IPSS, as pessoas não tinham 12 médicos a dar as consultas que precisam”, lê-se na tomada de posição pública da concelhia do PSD, que surge depois do conselho de administração da Cerci Flor da Vida ter afirmado que o projecto Bata Branca cessa a 1 de Março devido à não renovação dos protocolos com a Saúde e o município e a consequente não transferência de verbas que dizem respeito ao pagamento de horas de consultas realizadas pelos médicos.
Os sociais-democratas vincam que “ao contrário de outros concelhos, o Bata Branca em Azambuja não nasce da iniciativa da autarquia, mas sim da iniciativa da comunidade (movimento de cidadãos que propôs e da Cerci que pôs em prática)”. E, sublinham, desde 2017 que o PSD defende que a falta de médicos só tem solução com recurso à sociedade civil.
Relativamente ao comunicado emitido pelo município, que é assinado pelo presidente Silvino Lúcio (PS) e no qual é dito que a autarquia “não pode transferir dinheiro público sem documento que o valide”, o PSD diz que o socialista “tem razão; o que não diz é que tem documento que lhe permite pagar o que deve à Cerci de 2023, e que quem já devia ter tratado do documento para pagar 2024, antes do ano começar, era a câmara que ele preside”.
Salientando que “o mais importante é a saúde das pessoas”, o PSD apela ainda à Cerci que reconsidere a posição tomada e critica quem “manda neste SNS moribundo e numa câmara inoperante. Ponham o serviço ao cidadão à frente e paguem os mais de três meses que devem”, lê-se.
Recorde-se que depois de emitir o comunicado na página do município, o presidente da Câmara de Azambuja adiantou ao nosso jornal que na próxima reunião do executivo municipal, que se vai realizar a 27 de Fevereiro, vai constar da ordem de trabalhos uma proposta de protocolo a celebrar entre a autarquia e a instituição assim como outra para permitir a libertação da verba – 2.300 euros, segundo Silvino Lúcio - que ficou por saldar de 2023, altura em que ainda vigorava o protocolo inicial.
O projecto, que resulta de um acordo de colaboração inicial entre a Cerci Flor da Vida, a ACSS, o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo e o município de Azambuja, recorde-se, começou por ser implementado no Centro de Saúde de Azambuja, tendo sido alargado, a 19 de Julho do ano passado, à unidade de saúde de Aveiras de Cima. A 29 de Julho este serviço foi ainda reforçado com a realização de teleconsultas, destinadas a utentes sem médico de família que se encontram em situação de dependência no domicílio e impedidos de se deslocarem. Até Dezembro último foram realizadas 5.600 consultas no âmbito do Bata Branca, num concelho onde a maioria da população não tinha acesso a cuidados primários de saúde por falta de médico de família atribuído.