Criação de empresa intermunicipal de transportes contestada em Azambuja
Socialistas acreditam que a nova empresa vai trazer melhorias para o concelho que tem somado queixas no sector dos transportes públicos rodoviários. Já a oposição à direita tem sérias dúvidas já que a oferta, dizem, vai ser a mesma.
O executivo do Partido Socialista na Câmara de Azambuja aprovou, com o apoio da CDU, a criação da Empresa Intermunicipal de Transportes da Lezíria do Tejo EIM – S.A., que tem como objectivo melhorar o serviço de transportes também naquele concelho assim como nos restantes que integram a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT). Uma decisão prévia e unanimemente concertada pela CIMLT que levanta muitas dúvidas na oposição à direita do executivo de Azambuja, composta pelo PSD, que se absteve, e pelo Chega, que votou contra.
O presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio (PS), defendeu que esta nova empresa, na qual o município subscreverá uma participação de capital no montante de 272.438 euros, vai trazer melhorias ao serviço num concelho que tem recebido queixas a esse nível, nomeadamente por causa do mau estado dos autocarros, horários desfasados e atitude de alguns motoristas. “É isto tudo que queremos emendar e esse é que é o nosso enfoque: melhorar o serviço”, disse, admitindo, porém, receio na dificuldade em contratar motoristas.
Os vereadores do PSD, embora tenham optado pela abstenção, foram os que levantaram mais dúvidas quanto ao sucesso desta nova empresa e os impactos que poderá ter nos cofres municipais. “Temos muitas dúvidas. O que nos parece é que a Câmara de Azambuja vai ter um investimento para que tudo fique igual”, disse Rui Corça, fazendo notar que só nos próximos dois anos aquela autarquia vai ter de investir 270 mil euros só para injectar no capital social da empresa.
“O que está a ser proposto, em termos de operação, não traz qualquer modificação relativamente ao que existia. As carreiras são as mesmas, funcionam da mesma maneira, nos mesmos sítios” disse, lamentando que tenha tenha sido demonstrada, por parte da CIMLT, “abertura quase nula para alterações e melhorias” de linhas e horários que interligassem localidades do concelho e de concelhos vizinhos e cujos horários se ajustassem aos da ferrovia.
O social-democrata deixou ainda no ar que não se percebe como vai haver melhorias ao nível dos profissionais que prestam serviço se a expectativa para a contratação, expressa em reunião com o secretário da CIMLT, António Torres, é que “os actuais [que integram as empresas privadas] estejam interessados em mudar para esta nova empresa”.
Do lado do Chega, a vereadora Inês Louro referiu, desde logo, que o partido que representa é ideologicamente contra a criação de empresas que pesem financeiramente na “máquina pública”, sugerindo que, neste caso, poderá vir a servir para integrar autarcas que já não se podem candidatar nas próximas autárquicas por causa da limitação de mandatos. “Em dados objectivos não vejo quais os aspectos positivos que vai trazer esta nova empresa”, acrescentou, referindo-se quer à ausência de novas linhas - a menos que o município as pague - quer à média de idade (11 anos) dos autocarros que vão ser adquiridos noutros países da Europa. “Vamos adquirir autocarros que o resto da Europa já não quer. Isto deixou-me chocada”, disse.