Política | 26-03-2024 07:00

Vereadora do Chega acusa presidente da Câmara de Azambuja de linguagem ofensiva

Vereadora do Chega acusa presidente da Câmara de Azambuja de linguagem ofensiva
Inês Louro, vereadora do Chega na Câmara de Azambuja. Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja

Inês Louro não deixou passar em branco as expressões usadas pelo presidente da Câmara de Azambuja para se dirigir à sua pessoa. “É boa de língua”, “está excitada” e “ganha a vida com a boca” são, para a vereadora do Chega no executivo municipal de Azambuja, uma humilhação à sua condição de mulher, mãe e política. Silvino Lúcio diz que a língua portuguesa é “muito traiçoeira”.

A vereadora do Chega na Câmara de Azambuja acusou o presidente daquele município, Silvino Lúcio (PS), de utilizar uma linguagem ofensiva quando não tem argumentos para lhe responder. Num vídeo difundido nas redes sociais, Inês Louro, que já foi autarca eleita pelo Partido Socialista no mesmo concelho, refere-se a três actos “de extrema gravidade” e “muito desagradáveis” protagonizados por Silvino Lúcio em reuniões públicas do executivo municipal que têm transmissão através da Internet.
O primeiro remonta a Agosto de 2023 com o autarca socialista a tecer o seguinte comentário: “A senhora é boa de língua. Ganha a vida com a boca”. Expressão que voltou a utilizar na última reunião pública extraordinária realizada a 5 de Março, com Inês Louro a exigir que ficasse registado em acta. Silvino Lúcio referiu que a expressão usada “não é nenhuma ofensa”. Na última reunião ordinária, que decorreu a 12 de Março, durante a discussão de uma proposta, Silvino Lúcio disse que a vereadora do Chega estava “muito excitada”.
“Estas expressões têm uma conotação de cariz sexual e com isto o senhor presidente quis-me claramente ofender à falta de argumentos e de capacidade política para me responder com educação e elevação, como lhe compete. Quis humilhar-me, quer na minha condição de mulher, mãe, filha, quer na minha condição de advogada e vereadora”, afirma no vídeo onde pede a atenção dos seus seguidores para “a vergonha que se passa nas reuniões do executivo da Câmara de Azambuja”.
A advogada de profissão, que foi pela primeira vez cabeça-de-lista à Câmara de Azambuja nas últimas eleições autárquicas, leva este tipo de atitude para uma questão de género: “Nunca ouvi o senhor presidente da câmara dirigir-se a qualquer outro vereador da oposição nestes moldes, vereador homem porque vereadora da oposição mulher sou apenas eu”.

Presidente do município nega más intenções
Contactado por O MIRANTE, o presidente da Câmara de Azambuja diz que não fez “nenhum comentário ofensivo” à vereadora do Chega. “A senhora na sua actividade profissional diz que é advogada e, como tal, é meu entendimento que a senhora através dessa profissão ganha a sua vida com a boca. Longe de mim quaisquer outras interpretações que se queira dar às palavras”, refere, sublinhando que a língua portuguesa pode ser “muito traiçoeira”. Silvino Lúcio diz ainda que teve a “humildade de pedir desculpa por qualquer incómodo” que as suas palavras tenham causado à “senhora em causa”.

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